segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Notícias em psiquiatria

domingo, 27 de dezembro de 2009

História de superação das drogas IV

Pelo que me parece há no momento marketing sobre uma novela que esta ou estara no ar no Brasil que se chama Viver a Vida, na qual o tema é superação. Não sei nada sobre o assunto pois estou a morar fora do país desde 2005. O que sei é que tenho recebido recentemente inúmeros links com histórias de pessoas reais que têm lutado e vencido doenças e tragédias pessoais. Independentemente do porquê elas estão a circular na internet no momento, acredito que estas histórias têm seu lugar como textos de motivação e por isso resolvi lhes dar espaço neste blog. Hoje recebi estas histórias que estão em um site do portal Globo.



Iara Vasconcelos – Versão estendida



qua, 30/09/09por TV Globo
categoria Dependência química
tags Dependência química, Iara Vasconcelos


Com a ajuda da família, Iara conseguiu superar a dependência química.

Iara começou a beber aos 13 anos por causa de uma desilusão amorosa. A mãe achava que era um problema emocional e, então, começou a levá-la a um grupo de apoio que tratava de neuróticos. Iara começou a experimentar outras drogas e em pouco tempo estava viciada. Passava muito tempo na casa do namorado, que também era usuário de drogas. Ficavam, muitas vezes, dias sem dormir. Os pais do namorado perceberam o que estava acontecendo e resolveram intervir acionando os pais de Iara.

O pai de Iara concordou em ajudá-la e assim ela buscou uma clínica para o tratamento. Perto da virada do ano, recebeu a visita da família e soube que seria tia. A partir daí, decidiu que seria um bom exemplo para sua sobrinha. Hoje, ela e o namorado trabalham no local onde se reabilitaram ajudando na recuperação de outros dependentes.

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Historias de superacao - transtorno bipolar

Pelo que me parece há no momento marketing sobre uma novela que esta ou estara no ar no Brasil que se chama Viver a Vida, na qual o tema é superação. Não sei nada sobre o assunto pois estou a morar fora do país desde 2005. O que sei é que tenho recebido recentemente inúmeros links com histórias de pessoas reais que têm lutado e vencido doenças e tragédias pessoais. Independentemente do porquê elas estão a circular na internet no momento, acredito que estas histórias têm seu lugar como textos de motivação e por isso resolvi lhes dar espaço neste blog. Hoje recebi estas histórias que estão em um site do portal Globo.




qua, 14/10/09por TV Globo
categoria Transtorno Bipolar Familiar Afetivo
tags Danielle Porto, Transtorno Bipolar Familiar Afetivo


Em abril de 2008, Danielle Porto viu sua vida mudar drasticamente. Seu marido Marcelo, com 32 anos na época, surtou e foi morar nas ruas. Caminhava sem rumo e agia de forma incoerente. Na rua, perdeu dinheiro, perdeu seu violão, seu relógio. Foi preso diversas vezes e muitos acreditavam que era dependente químico e alcoólatra. Mesmo assim, Danielle não desistiu do seu casamento. Com ajuda da polícia conseguiu interná-lo. Marcelo foi diagnosticado como portador de Transtorno Bipolar Familiar Afetivo, mas chegou a Esquizofrenia devido ao surto psicótico. Sofreram muito preconceito, perderam amigos e até familiares se afastaram. Danielle nunca deixou de ficar ao lado de seu marido, mesmo com todas as dificuldades. O amor conseguiu vencer todos os obstáculos da doença e hoje, já recuperado, Marcelo se prepara para voltar ao mercado de trabalho.

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

História de superação das drogas III

Pelo que me parece há no momento marketing sobre uma novela que esta ou estara no ar no Brasil que se chama Viver a Vida, na qual o tema é superação. Não sei nada sobre o assunto pois estou a morar fora do país desde 2005. O que sei é que tenho recebido recentemente inúmeros links com histórias de pessoas reais que têm lutado e vencido doenças e tragédias pessoais. Independentemente do porquê elas estão a circular na internet no momento, acredito que estas histórias têm seu lugar como textos de motivação e por isso resolvi lhes dar espaço neste blog. Hoje recebi estas histórias que estão em um site do portal Globo.



Desirêe Ramos – Versão estendida


sáb, 17/10/09por TV Globo
categoria Drogas
tags Desirêe


Desde pequena, Desirêe era uma criança compulsiva. Manipulava as pessoas para satisfazer suas vontades. Apanhou muito na infância. Aos 11 anos, começou a sair de casa para se enturmar com meninos mais velhos. Fugia, mas sempre voltava. Até que um dia, fugiu e ficou mais de um ano sem aparecer. Começou a se drogar, a beber, com apenas 12 anos.

Tempos depois, entre idas e vindas de casa, se apaixonou por um menino e resolveu fugir para Florianópolis atrás dele. Foi aí que, aos 14 anos, começou a usar o crack e a se prostituir para conseguir a droga. Certa vez, quando havia virado menina de rua e estava no fundo do poço, um rapaz a viu e a levou para uma clínica de reabilitação. Entre muitas recaídas, conheceu o Paulo, que hoje é seu marido. Fez o tratamento, voltou a estudar e hoje leva uma vida feliz e sem drogas.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

História de superação das drogas - cigarro

Pelo que me parece há no momento marketing sobre uma novela que esta ou estara no ar no Brasil que se chama Viver a Vida, na qual o tema é superação. Não sei nada sobre o assunto pois estou a morar fora do país desde 2005. O que sei é que tenho recebido recentemente inúmeros links com histórias de pessoas reais que têm lutado e vencido doenças e tragédias pessoais. Independentemente do porquê elas estão a circular na internet no momento, acredito que estas histórias têm seu lugar como textos de motivação e por isso resolvi lhes dar espaço neste blog. Hoje recebi estas histórias que estão em um site do portal Globo.


Maria de Fátima Rodrigues – Versão Estendida



sex, 18/09/09por TV Globo
categoria Superação, Vício
tags cigarro, Maria de Fátima Rodrigues, Superação, Vício


Maria de Fátima começou a fumar na juventude. Mesmo na gravidez de suas filhas, ela não abandonou o cigarro. Eram quase três maços por dia, às vezes mais. Com o tempo, as filhas foram crescendo e passaram a não querer mais estar ao lado da mãe, não gostavam do cheiro da nicotina e não a beijavam mais. Fátima foi vendo que o cigarro estava distanciando sua família e resolveu parar. No começo, não foi nada fácil. Chegou a ponto de catar guimbas do lixo e colocar ao sol para secar, e fumá-las depois. Hoje, está livre dos cigarros, que largou há mais de 10 anos, e diz que tudo mudou para melhor na sua vida.

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Notícias em psiquiatria

A urina da verdade

O texto abaixo, publicado no Yahoo Brasil, não se refere exatamente a psiquiatria, mas a comportamento, por isso acredito que vale ser lido e pensado.


A urina da verdade


Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil


À esta altura da semana, você já deve ter visto uma das cenas mais degradantes dos últimos tempos na TV e na internet. Trata-se de uma cena - simulada ou não - em que uma garota desprovida de qualquer traço de inteligência e bom senso expôs sua lamentável figura em uma situação absurdamente vexatória no programa "Rock Estrada", do Multishow, que abordou o cotidiano de uma banda de 19ª categoria chamada Strike (veja aqui).

No vídeo, ela aparece bebendo uma mistura de suco, gelo e urina elaborada pelo baterista, um pateta que parece ter vários cromossomos a menos em seu DNA.

Nem vou discutir se a cena é verídica ou não - isso não importa. O que vale mesmo é a intenção de mostrar qual é o apreço que o artista ou quem quer que tenha uma banda demonstra em relação ao seu fã. Claro que há exceções, mas a grande maioria dos fãs é tratada exatamente como se vê no vídeo: com desprezo, arrogância e imbecilidade.

Filmada e desmoralizada em rede nacional, a garota pagou mais que um papel de trouxa. O que ela mostrou foi simplesmente uma completa falta de respeito para consigo mesma, uma atitude que é muito comum naquele tipo de fã histérica, que suporta ser tripudiada caso isso propicie uma maior proximidade com seu ídolo.

Claro que beber urina é pouco se comparado ao ato de ouvir uma única música dessa "bandeca" do início ao fim. Claro que cada um tem os ídolos que merece. Porém, de forma lamentável, essa garota - que parece não se importar com o que aconteceu, segundo averiguei - deixou claro que elo da corrente que liga uma banda ao seu público não passa de uma maneira de se divertir às custas da imbecilidade alheia. É como se o batera e seus companheiros cúmplices dissessem "é isto que vocês, que vão aos nossos shows e compram o nosso disco, merecem - um copo de mijo bem geladinho".

E outra coisa: parte desse vexame também deve ser creditado ao diretor do tal programa. Ao permitir que tais imagens tenham ido ao ar, ele simplesmente demonstrou o que pensa a respeito do telespectador. Gostaria muito de saber qual seria a atitude do tal diretor se a garota em questão fosse a sua filha ou um parente de algum diretor da emissora...

Sinceramente, alguma coisa precisa ser feita. Caso contrário, teremos no futuro gerações inteiras de idiotas - uma olhada na comunidade da banda do Orkut dá uma boa ideia do que espera os seus filhos daqui a alguns anos. É de estarrecer os mais otimistas. A gente fica com vontade de defender a tese de que certas pessoas deveriam ser impedidas de se reproduzirem.

Tempos atrás, escrevi aqui no Yahoo! um texto que causou certa indignação por parte justamente de uma massa de pessoas pouco pensantes, que não se conformaram em ver sua idolatria ser tratada como tintas racionais. Reproduzo abaixo uma parte desse texto, que cai bem a calhar nesta história toda:

Todo fã é um idiota


Sim, é isso mesmo o que você acabou de ler aí no título deste artigo. Antes de tudo, é preciso deixar claro: fã é todo aquele ser que chora por seu ídolo, que coleciona pastas e pastas com fotos de seu objeto de desejo, que tem seu quarto forrado de pôsteres do alvo de seu fanatismo (palavra que, não à toa, originou o termo "fan" ou "fã", dando uma 'abrasileirada'), que chora na porta de camarim, que passa dias e dias na fila, esperando o momento de entrar no local onde acontecerá o show de seu "amor não correspondido". Ou seja, é o retrato nu e cru, despido de qualquer racionalidade, de um idiota.

Se você é daquelas pessoas que adora o seu ídolo de uma maneira equilibrada, que aprecia o seu trabalho quando o cara manda bem, mas reconhece as pisadas na bola e os vacilos, então você não é um fã, mas sim um admirador. Você simplesmente gosta da banda ou de quem quer que seja. Você não o ama, não chora por ele, não grita, não se desespera quando um pedido de autógrafo é recusado, não pensa em cortar os pulsos quando recebe a notícia que seu "amor" vai se casar com uma outra pessoa que não é você. Você não é um fã. Você não é um imbecil.

E a verdade precisa ser dita, mesmo que ela seja muito dolorida para quem está lendo este artigo neste exato momento: o artista também acha que o seu fã é um idiota.

Ele sabe que esse amor desmedido é uma bobagem, um transtorno hormonal muito comum em adolescentes - embora sejam frequentes os casos de pessoas mais velhas se portando como bobalhões (em caso de dúvida, vá até a porta de um hotel de luxo que esteja hospedando um artista internacional e veja com seus próprios olhos).

O artista quer que você compre o disco dele e vá aos shows, que demonstre explicitamente a sua devoção comprando a camiseta da turnê, a edição especial do CD que está sendo "trabalhado" na turnê, o chaveirinho, o imã de geladeira. Todo artista no fundo, pensa "me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim". Lamento, mas esta é a pura verdade.

Regis Tadeu é editor das revistas Cover Guitarra, Cover Baixo, Batera, Teclado & Piano e Studio. Diretor de redação da Editora HMP, crítico musical do Programa Raul Gil e apresenta/produz na Rádio USP (93,7) o programa Rock Brazuca.

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Notícias em psiquiatria

Mulheres obesas sofrem mais com distúrbios de personalidade
Estudo aponta que conflito com a própria aparência é uma das causas do problema
Por Minha Vida Publicado em 13/12/2009 Revisado em 14/12/2009

Mulheres com sobrepeso ou obesas estão mais propensas a apresentarem transtorno de personalidade antissocial, paranoia e fobia social do que as mais magras, segundo estudo da Universidade de Manitoba, no Canadá. Por outro lado, entre os homens, os quilos a mais parecem reduzir os riscos.

Avaliando 43 mil adultos nos Estados Unidos, os pesquisadores notaram que as mulheres acima do peso tinham mais chances de apresentar transtornos de personalidade. O chamado transtorno de personalidade esquiva é marcado por timidez extrema, medo de rejeição e pelo fato de evitar as interações sociais, enquanto o transtorno de personalidade antissocial é caracterizado pelo desrespeito ao direito do outro.

Os pesquisadores acreditam que a ligação entre a obesidade e esses distúrbios é uma via de mão dupla, pois mulheres com problemas de personalidade tendem a ser mais sedentárias, levando ao aumento do peso. Além disso, a estigmatização das mulheres obesas, por sua vez, pode levar a problemas de personalidade.

Para os pesquisadores, os conflitos com a própria aparência e a piadas que enfatizam e ridicularizam a obesidade aliados a auto-valorização da imagem são os principais motivos deste efeito dominó verificado nos resultados, por isso, eles alertam para a necessidade de uma reeducação social não só dos doentes, mas de toda a sociedade para que haja menos cobranças quanto a estética e estes efeitos diminuam.

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Papais Noel suicidas


Para comemorar a data e sair da mesmice de colocar cartões de natal no blog, resolvi citar o texto de 14/12 do enfermeiro português Miguel, responsável pelo blog\blogue "Cheirinho a Éter". Brilhante e criativo o blog merece uma visita.

O texto é de sua autoria, eu apenas troquei a expressão "Pai Natal" pela mais conhecida no Brasil "Papai Noel".

Papais Noel Suicidas*.

Quando se fala apenas na alegria e solidariedade trazida pelo Natal, quase ninguém aborda o lado negro desta quadra festiva. Falaremos hoje do drama vivido nesta época cheia de significado por aquele que é, talvez, o maior símbolo do Natal e o mais reconhecido pelas crianças do todo o Mundo. Falamos obviamente do Papai Noel.


Esta figura mítica é hoje a base de uma indústria que move milhões. O grande problema é que não há lugar para toda os profissionais. A Associação Portuguesa de Papais Noel Profissionais aponta o dedo ao Governo. Segundo Nicolau Neve, presidente da APPNP, "o governo não acautelou os direitos deste grupo profissional ao permitir o acesso ás funções de Papai Noel de profissionais não acreditados e com formação não adequada. Isso é particularmente ofensivo quando observamos a usurpação das nossas funções por Papais Noel temporários, biscateiros que julgam que basta colocar umas barbas postiças e gritar HO HO HO nos centros comerciais. De notar que os Papais Noel inscritos na APPNP, a única entidade acreditada para o acreditamento dos Papais Noel em Portugal exige, por exemplo que as barbas brancas sejam originais e não permite o uso de barbas postiças." Esta situação está a levar ao desespero os Papais Noel mais antigos nas funções uma vez que "os centros comerciais optam por serviços mais baratos destes profissionais não reconhecidos, não dando importância à qualidade dos serviços prestados" ainda segundo Nicolau Neve. Os profissionais no desemprego estão a perder qualidade de vida, sendo este facto particularmente visível no que diz respeito à saúde. A APPNP garante aos seus profissionais um seguro de saúde que permite a monitorização regular do estado clínico dos seus afiliados. Rudolfo Azevinho, Papai Noel no desemprego, afirma "esta barriga que aqui vêm é genuína. Nos 20 anos de exercício profissional nunca usei nenhuma almofada por baixo da roupa vermelha. Mas isto é uma profissão de risco, de desgaste rápido pois esta barriga traz consequências: problemas de coluna e joelhos, colesterol e problemas gástricos".


Estas razões levam a que cada vez mais Papais Noel optem por ações radicais, entre as quais a mais popular é o suicídio. É cada vez mais comum observarmos Papais Noel pendurados nas janelas dos prédios, nas varandas e nas árvores. As posições dos seus corpos transparecem o desespero em que se encontram e aquela corda a que se agarram simboliza o fino fio de esperança a que ainda se agarram. Mas a vida continua, indiferente, ao apelo desta gente que clama por ajuda. As pessoas passam, olham e seguem o seu caminho tal a normalidade destas ações. A taxa dos que se soltam em direcção ao abismo é cada vez maior, os que se mantêm agarrados ao fio da esperança e da vida passam, muitas vezes, dias, semanas expostos à intempérie sempre abandonados, sempre sós, sempre desesperados.


Artigo do Jornal "Barbas Brancas"


*ou Haverá Coisa Mais Parva que Pendurar um Papai Noel Insuflável no Parapeito da Janela?

Foto: http://blog.mlive.com/saginawnews_impact/2008/12/large_DAS.Santa.jpg

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Notícias em psiquiatria

Anorexia também é doença de rapazes
Reportagem do jornal português Expresso, trazida à atenção pela colega do blogue "Esqueci a Ana".

Do clipping de notícias da ABP:

Hormônio que controla o apetite pode cumprir um papel no Alzheimer
Segundo estudo, um quarto daqueles com menores níveis do hormônio desenvolveram Alzheimer
Veículo: Boa Saúde
Seção: Notícias
Data: 16/11/2009

Problemas de memória pode estar relacionado com falta de paciência dos pais
Para os pais, é particularmente importante manter a cabeça fria quando se está na presença de crianças fazendo bagunça
Veículo: UOL
Seção: O que eu tenho
Data: 18/12/2009

Médicos retiram 151 peças de metal de estômago de homem em Maceió
“Em cima dos delírios que uma pessoa com problemas mentais cria, ela pode perder a noção do que é certo ou errado”, diz psiquiatra
Veículo: UOL
Seção: Cotidiano
Data: 18/12/2009

Álcool na adolescência
Álcool costuma ser tolerado no âmbito familiar, o que é um equívoco
Veículo: Zero Hora
Seção: Editorais
Data: 18/12/2009

5 coisas que você deve saber sobre Dependência de Internet
Por Cristiano Nabuco de Abreu
Veículo: UOL
Seção: O que eu tenho
Data: 18/11/2009

1. O que é dependência de Internet?

É uma nova classificação de transtorno mental que ainda não foi reconhecida oficialmente pela Medicina e pela Psicologia, mas que já se faz presente em vários países do mundo causando sérios problemas de adaptação em jovens e adultos. Na Coréia do Sul, por exemplo, já se considera um problema de saúde pública e vem merecendo a atenção das autoridades.

Pelo fato da Internet estar associada à realização de atividades acadêmicas, profissionais ou mesmo sociais, o uso excessivo ainda não é facilmente detectado por familiares ou profissionais de saúde. Assim sendo, a dependência se estabelece quando o individuo “não mais consegue” regular o tempo de uso, ficando aprisionado em atividades virtuais como, por exemplo, jogos on-line ou mesmo em redes sociais “tuitando” o tempo todo.

2. Por quais razões a dependência de Internet se desenvolve?

Usualmente, esta dependência se desenvolve quando o indivíduo apresenta quadros de depressão, transtorno bipolar do humor ou ainda quadros de fobia View definition in a new window social. Desta forma, a Internet acaba servindo como um meio destas pessoas regularem o seu humor, ou seja, quando estão se sentido mal, buscam se conectar e assim experimentar alguma forma de alívio. Na Internet as pessoas conseguem também exibir mais livremente um tipo de atitude que muitas vezes não conseguiriam ter na vida real. Assim, aquelas pessoas que são mais fechadas, por exemplo, na vida virtual se tornaram mais extrovertidas. Aquelas que estão mais deprimidas, ao teclar com alguns amigos virtuais, se sentiriam mais amparadas e aceitas (não é raro, inclusive, ouvir destas pessoas: “a internet, é meu prozac virtual”), dada a sensação de alívio.

Algumas situações adicionais compreendem aqueles casos onde as pessoas vivem momentos de crise familiar ou conjugal e encontrariam na Internet a sua “cara metade” ou mesmo um bom ou boa amiga. Evidentemente que estas situações que são criadas na Internet muitas vezes não chegam a migrar para o mundo real, entretanto, servem para manter acessas a vontade de experimentar uma vida paralela, muitas vezes mais satisfatória que a vida real. Muitas pessoas, inclusive, dizem que a Internet se torna um “novo refúgio” para elas.

3. Como identifico se alguém está com esse problema?

Alguns comportamentos podem ser observados: Ficar mais tempo conectado do que o planejado (até tarde da noite, ao longo dos finais de semana, por exemplo); preferir estabelecer relações com amigos virtuais em vez de amigos do mundo real (ou seja, negligenciar a atenção com a família e com o circulo social); deixar de lado as atividades que precisariam ser feitas para poder ficar mais tempo conectado; observar prejuízos no trabalho, escola ou mesmo nas relações pessoais; mentir a respeito do tempo que esteve conectado; tentar reduzir o tempo de navegação, mas não conseguir. Todos estes elementos juntos ou mesmo separados já seriam fortes indícios de que a pessoa se tornou ou está se tornando dependente da Internet.

4. A dependência de Internet tem tratamento?

Sim. Os pacientes adultos devem se submeter a tratamento em psicoterapia (terapia cognitiva, preferencialmente) e buscar ajuda psiquiátrica, dependendo do estado geral, por indicação do psicólogo.

No caso de adolescentes, além do paciente, é interessante que a família também receba orientação em como conduzir a ajuda e também para observar se a fuga do(a) filho(a) ao mundo virtual, não pode ser entendida com uma forma de escape das relações familiares marcadas por crise e desestrutura.

5. A quem devo buscar para pedir ajuda?

Psicólogos e psiquiatras devem ser buscados para oferecer este tipo de tratamento. A ajuda quando oferecida corretamente, traz alivio e uma recuperação efetiva.

Cristiano Nabuco de Abreu, coordena o Programa de Dependência de Internet do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. E-mail: nabuco@usp.br

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Falta de posts devido a tempestade de neve!

Caros amigos: 20 cm de neve em duas horas a partir das 17 horas! Acabou a luz, internet ficou lentíssima, caos total. Previsão de menos 9 amanhã (meio raro para esta parte da Inglaterra). Posts vão estar mais lentos nos próximos dias para aproveitar a família em casa nesta data próxima ao Natal e fazer bonecos de neve!!
Postamos este vídeo no youtube da tempestade de neve (vídeo feito apenas uma hora depois de começar a nevar)

Abraços a todos!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Tristes notícias da Medicina Brasileira

Mas parece ainda haver esperança...

Do Yahoo Brasil:

A Comissão Administrativa de Inquérito (CAI) do Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto, formada para avaliar a conduta dos três estudantes de medicina acusados de racismo contra um trabalhador negro, no sábado, decidiu suspender os jovens por 60 dias.
Segundo o reitor da instituição, João Alberto de Andrade Velloso, o afastamento está previsto no regimento interno e o objetivo não é avaliar o fato jurídico ou policial da acusação de racismo. "Essa comissão vai analisar até que ponto esses alunos macularam o Centro Universitário, pois temos que preservar o bom nome da instituição", disse Velloso.
O advogado dos estudantes, Carlos Mancini teve negado um pedido de reconsideração da decisão tomada na segunda-feira pela entidade. "O ato de racismo não ocorreu, e, mesmo se tivesse ocorrido, não foi nos limites da faculdade nem com o uso de uniformes. Foi um fato isolado e os estudantes não usaram o nome da faculdade em momento algum", argumentou Mancini.

Agressão
No sábado, os estudantes Emílio Pechulo Ederson, de 20 anos, Felipe Giron Trevisani, de 21, e Abrahão Afiune Júnior, de 19, foram presos por agredirem o auxiliar de serviços gerais de outra instituição universitária particular, Geraldo Garcia, de 55 anos.
Um dos jovens usou um tapete enrolado para acertar as costas de Garcia, e ainda gritou "negro" a ele, numa das principais avenidas da cidade. Seguranças de um evento viram o fato e perseguiram os jovens, que foram detidos pouco depois e presos em flagrante por racismo e agressão.
O juiz de plantão Ricardo Braga Monte Serrat concedeu a liberdade provisória aos três, sob pagamento de fiança de R$ 5.580 cada, na noite de sábado.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

La Hystérie Époque continua

Como espalhar o pânico pela internet:


Hoje acordei às 5 da manha (o bebê adora mexer de madrugada e não consigo dormir com esta movimentação toda) a pensar naquele filme do Robbin Williams, "Sociedade dos Poetas Mortos" (Dead Poets Society). Uma cena específica vinha à minha cabeça: aquela em que ele sobe na mesa para explicar aos alunos que de vez em quando, um outro olhar sobre o mesmo assunto ajuda a elucidar problemas (ou algo do gênero).
Um outro olhar é o que mais tenho feito nos últimos 5 anos desde que deixei o Brasil: olhar manifestações psiquiátricas em outras culturas, ver diferentes modos de pensar e experienciar. Por exemplo, quando trabalhei no Brasil com psicóticos, a grande maioria dos pacientes apresentava delírios místicos, justificados seja com base no espiritismo (espíritos encorporados) ou na religiosidade (Deus ou o diabo falavam com eles). Desde que passei a viver na Europa, delírios místicos são raras manifestações, vendo-se na prática clínica muito, mas muito mais, manifestações paranóides\persecutórias. Faz sentido pensar que isso possa se dever ao alto nível de escolaridade no continente europeu, com baixas taxas de analfabetismo e maior acessabilidade à informação, enquanto no Brasil, pouca escolaridade e um mix extremo de diferentes cultos e religiões (africanas, cristianismo, espiritismo) manifeste-se no subconsciente dos pacientes. Afinal, o paciente, seja de qual parte do mundo for e tenha a escolaridade que tiver, busca justificar o fenômeno único e alterador que é o surto psicótico.
Da mesma forma que vemos a manifestação cultural no indivíduo, vê-se na capacidade de histeria coletiva. Ja tinha escrito um post sobre o assunto, no qual acredito que andamos a criar muita tempestade em copo d´água, seja em questões do meio-ambiente ou em questões sociais.
A semana que passou trouxe mais combustível para o incêndio mental que anda a acontecer:

Na Europa, a discussão sobre o vírus da Gripe Suína continua. Agora, denúncias de que pacientes que NÃO tinham a gripe suína morreram ou sofreram graves complicações devido à diagnósticos errados tem povoado os jornais. Na verdade, que isso viesse a acontecer era de se esperar. O sistema implementado pelo governo inglês estava coberto de "soft spots" nos quais erros eram uma questão de tempo.
Para começar, o indivíduo que suspeita estar a sofrer da gripe deve ligar para um "hot line", na qual é atendido por um funcionário (não qualificado) de um Call Center, que segue um menu pré-programado de perguntas do tipo "você está com febre?" e "Tens dor de cabeça?". No caso de responder sim, a funcionária indica que o malfadado paciente não deve sair de casa e envia um técnico de saúde ou médico de família para consultá-lo. Relatos nos jornais mostram que os médicos que tem feito a visita domiciliar evitam chegar perto dos doentes, com medo de contágio. Estetoscópio no peito é raro. Tamiflu foi prescrito desnecessariamente para 800.000 pessoas (!!!!). Como o doente é desaconselhado a visitar os setores de emergência, complicações são revistas em casa, adiando mais e mais um correto diagnóstico de pneumonia e outras doenças.

No caso do meio ambiente, climate change e global warming não saem da televisão. Mais perverso do que impor condições castrantes à países que finalmente e merecidamente tem-se desenvolvido (Índia e Brasil), uma forma mais perversa de segregação aparece no horizonte da discussão ecológica: A de que devemos parar de comer carne de vaca. Já há tempos ouço com espanto entrevistados na televisão britânica a dizer que vacas são agora as psicóticas assassinas do meio ambiente e que vegetarianismo é o futuro. Enquanto países ricos e indivíduos com dinheiro suficiente para escolher suas modas (seja comida macrobiótica ou vegetarianismo) indulgiam em discutir este assunto, não pensava muito sobre as consequências de tal debate. Na última semana, entretanto, o debate tomou um rumo perverso. Agora os eco querem impedir que países em desenvolvimento (especialmente na África) que passaram a dispor de bens e meios para o consumo de carne bovina evitem esse adendo altamente protéico e nutritivo à suas dietas esquálidas (África, lembram?) devido a possível impacto ao meio ambiente.
Sei que discutir políticas ecológicas num blog dedicado à psiquiatria em plena semana de debates acirrados na Dinamarca parece querer jogar combustível no fogo, mas isso soa-me errado! Pensem bem, impedir que africanos tenham acesso a carne bovina (num continente há tantos séculos devastado pela fome generalizada) devido ao um impacto que pode ser, talvez, quem saiba, ainda não provado sobre o meio ambiente é, a meu ver, desumano.


Para finalizar, voltando à introdução sobre como a cultura faz como que apresentemos manifestações diferentes de medo, paixões e histeria: enquanto na Europa o assunto da hora gira em torno de casamentos homossexuais, gripe suína e ecologia, no Brasil há pânico na Blogosfera e na comunidade da internet devido a um improvável fim do mundo em 2012. Reportagens sobre o assunto proliferam na televisão brasileira. Gurus enriquecem desavergonhadamente, aproveitando-se da onda de medo que se instalou no país.
Caros patrícios, 2012 é um filme de ficção, um produto da fantasia de um redator, trazido à realidade das telas do cinema por um diretor (realizador) e atores. Nada mais que isso. O fim do mundo já vem sido pregado há mais de 2000 anos, desde que Jesus caminhou pela terra (para os Cristãos) e possivelmente em muitas outras datas diferentes para outras religiões. Francamente, tenham bom senso! Com tantos assuntos mais sérios a discutir, como problemas na política e na economia brasileira (esses sempre presentes e necessitando de boa avaliação), vejo sites de igrejas, projetos de lei e outros a tentar "lucrar" com a histeria geral!

Francamente. Se ando espantada com a capacidade da população de hoje de se alarmar por pouco, o Brasil ainda consegue surpreender, por ter uma população que se alarma por nada.

Fotos:
 http://1.bp.blogspot.com/_srKLQ9PUso4/Sfhq9BjWTYI/AAAAAAAAAiI/k_PMPoa-lw0/s1600-h/swine_flu.png
http://www.imdb.com/media/rm879921408/tt1190080

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Deu no Blog Enfermagem em Psiquiatria e Saúde Mental:


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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Crianças Troféu

Hoje pensei em tirar o dia de folga do teclado e do blog para cuidar das compras de Natal, mas é difícil, especialmente porque sempre há um ou outro drama se desenvolvendo na sociedade que me puxa de volta ao computador.
Eu me pergunto porque tais dramas acontecem. Pode ser porque não mais vivemos numa sociedade que vive a exaustão do trabalho honesto, derivado do efeito físico de se trabalhar uma jornada árdua para viver. Pode ser a cultura da celebridade, da fama a todo custo e do dinheiro fácil. Pode ser que eu esteja maluca.

Sempre existiu uma classe elitista que vive do ócio: se acompanharmos as tendências da moda na aparência e nível de bronzeamento humanos é fácil entender isso. Explico: há muito tempo atrás, estava na moda ser branco, quanto mais alvo melhor. A classe elitista jamais trabalhava no campo, trabalho delegado aos servos que laboriavam dia após dia nas plantações. Desta forma, para se diferenciar, um nobre jamais se expunha ao sol (esse ser maligno) e daí a história do "sangue azul". Estas pessoas eram tão brancas que se podia ver o contraste de suas veias na pele. Esta tendência continuou até o início do século passado, quando a revolução industrial e dos processos colocou todo mundo para dentro dos prédios e uniformizou a cor da pele.

Em meados dos anos 70, uma nova moda surge e persiste até hoje, muitas vezes disfarçada de "pregação da boa forma". É a moda de ser extremamente torneado e ter o corpo bronzeado no último grau. Apenas aqueles que dispõe de dinheiro suficiente no banco podem ter o corpo "da moda", uma mistura de Victoria Beckham e Barbie. Haja dinheiro para cirurgias plásticas, estilistas, maquiadores, esteticistas e toda uma hierarquia de profissões que surgem para satisfazer o capricho desta classe. Haja ócio para permitir o tempo necessário para se dedicar a tantas "tarefas".

Mas como no caso da tecnologia, o tempo uniformiza muita coisa e (infelizmente) nos últimos 10 anos as camas de bronzeamento e os personal trainners chegaram ao alcance da classe média, e mais uma vez é necessário algo para diferenciar quem pode, de quem apenas deseja poder um dia.

Neste novo século, novas tendências para demonstrar poder têm-se revelado. A crueldade agora não é submeter seu próprio corpo a inúmeros procedimentos numa luta desigual contra o tempo. Isso já é hours concours. A tendência agora é exercer poder através dos filhos.

Suri Cruise

Já tinha escrito algo sobre o assunto no post Gravidorexia e uma reportagem do Daily Mail hoje traz mais luz ao assunto.

Nela, o governo britânico declara em um inquérito que pais de classe média estão a criar uma geração de "crianças troféu" (trophy children) após serem bombardeados por propagandas de bens e objetos de designer.

As crianças troféu não são novidade. Como no post anterior, no qual comparo bebês ao novo acessório da moda, crianças que se vestem como adultos com guarda roupas na casa dos 2 milhões de dólares aos 3 anos de idade vem pestilando a mídia nos últimos anos. São crianças expostas desavergonhadamente pelos pais-celebridades, que usam sapatinhos Gucci desde bebês e vestem Ralph Lauren para brincar na grama.
A moda agora pesa nos bolsos da classe média. Segundo o jornal, famílias gastam em média 194.000 libras em cada filho até a idade dos 21 anos (a média era 100.000 libras até dois ou três anos atrás) por sucumbirem ao marketing sofisticado e ao poder de irritar dos pequenos.

Crianças agora são os alvos de uma crescente campanha de marketing para idades cada vez mais jovens. Muitas delas com conteúdos extremamente inapropriados. Para quem não se lembra, veja a campanha de cuecas infantis da Calvin Klein que há uns dois anos atrás criou intensa polêmica por sexualizar os pequeninos.


O inquérito termina a dizer que não se sabe ainda os efeitos de tal comportamento na saúde mental das crianças e adolescentes.
"É importante notar que crianças podem servir como veículos para o consumo parental, e particularmente para a demonstração de bens de alto poder aquisitivo, muito antes de poderem articular seus próprios desejos ou necessidades", relata o Secretário para Asssuntos Infantis Ed Balls.

Ainda segundo o artigo, pesquisa em sociedades ricas mostra o fenômeno das "crianças troféu" e o "montante considerável que é gasto em carrinhos de bebê de alta tecnologia, roupas de bebê de designer e equipamentos para brincadeiras por pais afluentes (e até mesmo avós)".

Acredito que o fenômeno começa mesmo muito antes de a criança nascer. Como estou grávida, tenho visitado diversos sites e lojas direcionados a extrair o último tostão de futuras mamães embasbacadas pela gravidez. Uma loja específica em Uberlândia, minha cidade no Brasil, chega a vender protetores de berço (que são desaconselhados para bebês pois podem causar sufocamento e Síndrome da Morte Súbita do Recém-Nascido) pela admirável quantia de 2000 reais. O leitor europeu pode pensar que a quantia é pouco em euros (400 euros) mas na verdade, quando se estabelece qualidade de vida e poder aquisitivo, 2000 reais equivalem a 2000 euros em Portugal ou 2000 libras na Inglaterra.

Resta-me expressar meu espanto neste blog e aguardar o próximo drama...

Fotos:
Suri Cruise de salto alto, leggings e batom. http://i.dailymail.co.uk/i/pix/2009/11/19/article-1229042-0742CB46000005DC-565_468x788.jpg
Campanha da Calvin Klein banida por causar furor ao sexualizar crianças http://www.media-awareness.ca/english/resources/educational/handouts/ethics/calvin_klein_case_study.cfm

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Parabéns à RAN - 14 anos a trabalhar para a recuperação


Em primeiro lugar gostaria de parabenizar a RAN (Recuperação de Alcoólicos e Narcóticos) e sua equipa pelos 14 anos de sucesso no tratamento da toxicodependência em Portugal. Longe de fazer propaganda, o texto abaixo é para elucidar como trabalha a clínica e talvez estimular abordagens semelhantes no Brasil. Infelizmente no país, a maioria das clínicas de reabilitação são baseadas em trabalho duro (na enxada mesmo) e muita religiosidade (conversão evangélica). Não quero dizer que este tipo de abordagem não funciona, mas que alternativas embasadas teoricamente, mesmo que privadas, como no caso da RAN, são sempre bem vindas.

O texto abaixo é um resumo de um artigo meu publicado na Psychiatry Online. As fotos da clínica foram tiradas pela equipa.

Em 2005, após terminar minha residência médica em Uberlândia – MG, recebi uma proposta de trabalho em Portugal e a oportunidade de experienciar outras formas de abordar a toxicodependência. Além da vivência em outras abordagens (políticas, sociais e culturais), o trabalho que desenvolvi no país por 3 anos foi baseado em heroinômanos, uma dependência química que, por enquanto, é praticamente inexistente no Brasil.


O convite que me foi oferecido veio de uma comunidade terapêutica privada, na cidade de Vila Real, em Trás-os-Montes. A clínica obedece o Modelo Minnesota de tratamento da toxicodependência, ainda pouco conhecido no Brasil. Este modelo varia de instituição a instituição, mas todos partilham os princípios fundamentais do programa 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos (AA), criado em 1948 (Bodin, 2006). Na década de 1960, o modelo foi expandido para englobar também usuários de outras drogas (Spicer, 1993). O modelo foi trazido a Portugal em 1987, pela Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependências e Alcoolismo (UTITA), do Serviço de Utilização Comum das Forças Armadas Portuguesas e daí se expandiu, com diversos centros de tratamento espalhados pelo país. Com base em seu conteúdo, os 12 passos podem ser agrupados em passos decisivos, passos de ação e passos de manutenção (Makela et al., 1996). Os passos decisivos (1-3) envolvem o reconhecimento da impotência perante as drogas e a necessidade de ajuda, e a decisão de se colocar nas mãos de um Deus pessoal. Os passos de ação (4-9) envolvem escrever e compartilhar um inventório moral, buscar a resolução de defeitos de caráter através de um Deus pessoal e consertar o mal feito a terceiros. Os passos de manutenção (10-12) são de continuado auto-exame e correção, de aprofundamento na relação com o Deus pessoal através de preces e meditação, e de levar a mensagem do programa a outros usuários de drogas.

A estrutura e conteúdo do tratamento

O programa da comunidade terapêutica constituí-se em 84 dias de tratamento inicial, em setting residencial, seguido de 6 a 24 meses de acompanhamento pós-alta. Formada há 15 anos, a comunidade terapêutica é a base de toda estrutura, com capacidade para 33 clientes. A equipe inclui clínico geral, psiquiatra, enfermeiro e conselheiros, sendo os últimos toxicodependentes recuperados através do AA ou NA. Baseado nos princípios do AA/NA, o grupo terapêutico é considerado a principal arma terapêutica, fornecendo um local para identificação com outros em situação semelhante. Sessões em grupo podem tomar a forma de grupos para solução de problemas, direcionados a problemas pessoais específicos, ou sessões de confrontação, direcionadas a “destruir a negação” do paciente. Ensaios sobre a “História de Vida” e outras consequências negativas do uso de drogas são relatados na terapia de grupo. Outros tipos de grupos incluem grupos diários de leitura, nos quais os pacientes fazem reflecções ou meditações sobre a literatura do NA ou AA; palestras diárias sobre tópicos relativos aos programas e tradições do NA, desde a natureza da dependência química, conceptualizada pelo modelo de doença, à consequências médicas, psicológicas e sociais do uso de substâncias. Programas familiares são incluídos, às quartas-feiras, sob a premissa de que a dependência química é uma doença que afeta negativamente todos os membros do núcleo familiar. Finalmente, atividades físicas e passeios aos fins-de-semana são oferecidos à todos os internos. O esquema de tratamento diário geralmente contém quase todos esses elementos e, em consequência, é altamente estruturado. O acompanhamento pós-alta pode incluir atividades individuais regulares, aconselhamento em grupos ou famílias e a presença em reuniões do AA ou NA é mandatória. Alguns pacientes que apresentam problemas de inserção social, história de diversas recaídas ou comorbidades psiquiátricas são inseridos em programas especiais no pós-alta (half-way house). O programa half-way ocorre em regime residencial, na comunidade, sendo geralmente uma casa ou apartamento alugados, onde clientes dividem o espaço para se manter abstinentes e em sociedade. Este regime visa a responsabilização e autonomia do indivíduo, com apoio psicossocial estruturado.

O papel do psiquiatra

Neste modelo, a base do tratamento é a abstinência completa e o foco é a mudança do estilo de vida. Como a manutenção do tratamento depende de adequada socialização, o psiquiatra colabora no sentido de ajudar definir o caminho da recuperação. A crença metodológica de que a condição de suscetibilidade à toxicodepedência existe anteriormente ao primeiro uso de drogas e a visão de que o utilizador de drogas é cronicamente dependente, apesar de suas tentativas de abandonar o vício, permeiam o trabalho neste tipo de instituição. O papel do psiquiatra consite, no primeiro momento, em definir o tratamento de desabituação da droga principal: no caso da heroína, 14 dias de substitutos opióides em dose decrescente, acompanhados de benzodiazepinas e bloqueadores α-adrenérgicos. Quanto ao grupo na sua totalidade, em fornecer educação sobre as drogas e suas consequências e, no que tange ao cliente, investigar e atuar em comorbidades que possam comprometer o sucesso terapêutico.
Vila Real vista da clínica

Entrada da clínica
Sala de convívio dos utentes
Sala preparada para terapia e sessões
Sala de espera do gabinete médico
Gabinete médico (deu muitas saudades postar esta foto em especial!!)

Para mais informações sobre a clínica, clique no logo no início deste post ou aqui (link que leva à homepage da clínica).

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A pulseirinha do sexo

Pelo visto a moda chegou no Brasil. Estas pulseiras já tem causado polêmica na Inglaterra desde o começo do ano(Aqui em reportagem do The Sun). Em Portugal, notícias na comunicação social já demonstravam preocupação desde o segundo semestre de 2009 (Reportagem da Destak). Muitas escolas já baniram o uso das malfadadas pulseiras e pais foram alertados sobre seu significado.
Li neste fim de semana uma noticia sobre o assunto em um jornal brasileiro (não me lembro qual) e recebi o seguinte email hoje, com uma reportagem da revista Época de 10\12\2009.

A pulseirinha do sexo

Os jovens aderem à moda dos braceletes coloridos – muitos deles sem saber de seu significado erótico
Andres Vera


São pulseiras comuns, que qualquer garota usaria para ir ao colégio, feitas de silicone, em cores vibrantes e de aparência inocente. Mas nos últimos dias passaram a deixar muitos pais preocupados com rumores sobre seu verdadeiro significado. Segundo um modismo que surgiu na Inglaterra e chegou ao Brasil recentemente, arrebentar a pulseira de determinada cor obrigaria o portador da pulseira a se submeter ao ato correspondente àquela cor. Pulseira amarela, por exemplo, equivaleria a um abraço. Pulseira preta, a sexo.

Não se sabe como surgiu esse código nem como ele se espalhou entre os adolescentes. Na Inglaterra, as pulseirinhas ganharam o nome de shag bands (algo como “pulseiras da transa”). Lá também surgiu o jogo chamado “snap” (estouro, na tradução do inglês) e o dicionário de cores (leia o quadro abaixo). O assunto chamou a atenção da imprensa e virou motivo de alarde entre pais e educadores quando crianças do ensino fundamental começaram a usar as pulseiras.

Não demorou muito para a novidade se espalhar pela internet e chegar ao Brasil. Redes sociais como Orkut e Facebook têm comunidades dedicadas aos fãs das pulseiras. Uma delas já reunia 40 mil seguidores na semana passada, a maioria perfis de crianças e adolescentes. Embora seja comum encontrar jovens com o braço carregado de pulseiras, parte deles parece desconhecer seu significado. “Eu parei de usar quando descobri, mas vejo um monte de meninas do fundamental usando sem saber”, diz a estudante Bárbara Campos, de 15 anos, aluna de um colégio particular de São Paulo. Seu namorado, no entanto, ainda carrega três pulseiras no pulso: uma preta, uma branca e uma vermelha. “Se outra menina estourar as pulseiras dele, eu vou ficar muito brava.”

Vendidas por camelôs em qualquer cidade grande brasileira, a novidade ficou conhecida por aqui como pulseira cool (legal, na tradução do inglês), pulseira da amizade ou pulseira da malhação. Um pacote com 20 unidades, de cores sortidas, custa cerca de R$ 1. Entre os mais jovens e os que não levam o sentido do snap a sério, as pulseiras também resumem o “currículo” sexual da pessoa. Vale a mesma regra das cores: quem já fez sexo pode exibir sua pulseira preta. Os mais “populares” costumam usar a cor dourada.

Como pais e educadores deveriam reagir diante da conotação sexual de uma inocente pulseira de silicone? “Proibir não adianta, porque o adolescente pode se sentir excluído quando vir que os colegas continuam usando”, diz a psicóloga Denise Diniz, da Universidade Federal de São Paulo. “Os pais devem aproveitar a oportunidade para debater sexualidade em casa.” Os colégios se dividem entre proibir ou ignorar o uso das pulseiras. “Acreditamos que esse jogo não passe de um modismo, mas os pais podem e devem impor seus limites, sem alarde”, diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Modismo ou não, não custa nada para os pais dar uma olhadinha no que os filhos andam usando no pulso.


A reportagem não explica direito como as pulseiras funcionam, mas fica aqui esclarecido: O objetivo é colecionar o maior numero de pulseiras possível. As crianças então, perseguem-se umas às outras, na tentativa de arrebentar a pulseira dos outros e quando isso ocorre, o dono da pulseira arrebentada deve realizar os atos descritos acima, de acordo com a cor da pulseira perdida.

Como parece que as modas inglesas andam a chegar ao Brasil, fica também o alerta sobre as "Raibow parties" ou "Festas Arco-Íris", nas quais as meninas usam batons de cores fortes para deixar suas marcas nos garotos quando fazem sexo oral.

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Vila Real

Nada a ver com psiquiatria...bateu saudades de Vila Real, onde vivi de 2005 a 2008 e resolvi escrever um post sobre o assunto.
Encontrei o video a seguir no blogue da Cidade de Vila Real, que vale uma visita.

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Teorias dos Sistemas - Emoções expressas




Emoção Expressa (Leff & Vaugh, 1981) (EE)


Altos níveis de EE traduzem-se por três componentes: comentários críticos, hostilidade e hiper-envolvimento emocional

Estudos inicias relacionaram altos níves de EE com pior evolução em esquizofrênicos que regressam a casa. Altos níveis de EE também aparecem em outras doenças psiquiátricas e médicas em geral.

Grande parte das famílias com altos níveis de EE desvalorizam mais a pessoa do que a doença, não reconhecem a doença. Par trabalhar com este tipo de família, tem que se esclarecer que “fulano não é doente, ele tem uma doença”.

EE é uma medida qualitativa da "quantidade" de emoção demonstrada, tipicamente em um setting familiar, geralmente por familiares ou cuidadores. Teoricamente, altos níveis de EE podem piorar o prognóstico de um paciente com doenças mentais ou agir como fatores de risco potenciais para o desenvolvimento da doença psiquiátrica.

Existe uma entrevista específica, a Camberwell Family Interview para medir os níveis de EE.

Altos níveis de EE: hostilidade, super-envolvimento emocional e comentários críticos.

Aqui posso dar testemunho pessoal de uma situação de alto nível de EE: Uma paciente minha, bipolar, havia retornado a casa depois de um internamento de 1 mês. Ela estava a tomar banho quando ouviu seus familiares a passar pela janela do banheiro, dizendo: "Mas vamos todos sair agora? Ela vai ficar sozinha com as crianças? Mas ela é louca, não devemos deixa-la só".

Hostilidade

Hostilidade é a atitude negativa direcionada ao paciente pois a família sente que o trasntorno mental é controlável e o paciente escolhe não melhorar. Os problemas familiares são culpabilizados no paciente e este tem dificuldade em resolvê-los na família. A família acredita que os problemas são por causa da doença do paciente, mesmo que eles não sejam.

Super-envolvimento emocional
Ocorre quando membros da família se culpam pela doença mental. Comumente ocorre em mulheres. Estas pessoas sentem que qualquer ocorrência negativa é sua culpa e não da doença. Ela demonstra muita preocupação com o paciente e a doença. Este é o oposto da atitude hostil, mas ainda assim tem efeito negativo no paciente. A pena que os familires sentem causa muito estresse e o paciente recai para lidar com a piedade que lhe é demonstrada.

Comentários críticos
Atitudes e comentários críticos são uma combinação das duas atitudes acima. Pais críticos fazem com que os irmãos do paciente ajam da mesma forma.
Familiares com altos níveis de EE são hostis, muito críticos e não toleram o paciente. Eles pensam que estão a ajudar com esta atitude. Eles não apenas criticam comportamentos relacionados ao transtorno mas tambpem outros comportamentos únicos à personalidade do paciente. Altos níveis de EE são mais prováveis em causar recaídas.

Altos níveis de EE fazem com que o paciente se sinta preso, sem controle e dependente de outros. Em bipolares, recaída de estados maníacos a deprimidos pode ser desencadeada por comentários familiares.
Os níveis crescentes de estresse fazem com que o paciente entre em um ciclo constante de recaídas e recuperações, no qual a recaída é a única saída quando o nível de estresse é muito alto.


Comportamentos neuróticos

Os sintomas como táticas das relações humanas (J. Haley, 1963)

O aspecto crucial de um sintoma é a vantagem que proporciona ao paciente no que respeita ao controle do que sucede na relação com o outro. O sintoma supõe um considerável sofrimento subjetivo mas algumas pessoas preferem esse sofrimento a viverem num mundo de relações sociais sobre as quais têm escasso controle”.

Pacientes fóbicos, por exemplo, conseguem impor comportamentos à família que pacientes normais jamais conseguiriam. O sintoma exige alguma aprendizagem e também implica em mecanismos de reforço.

Ambivalência em relação ao tratameto – o paciente é reticente em abandonar o sintoma em prol da melhoria.

Referências:

Papers on expressed emotions: http://www.personalityresearch.org/papers/mcdonagh.html

Foto: http://www.psychotherapybrownbag.com/.a/6a010537101528970b0120a5423e0e970c-320wi

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sábado, 12 de dezembro de 2009

Autismo: Quem é o bobo nessa história?

O artigo abaixo de Erivelton Rodrigues  foi publicado no Correio de Uberlândia Online. Acho que o texto merece ser lido e repassado, motivo pelo qual o transcrevo aqui.

Autismo: Quem é o bobo nessa história?

Reflexão
Erivelton Rodrigues
07/12/2009

Você já ouviu falar em autismo? Um dia desses,grande parte dos brasileiros ouviu e de uma forma no mínimo leviana.

"Se nós fossemos pessoas melhores levaríamos a Bozena ao médico. Agora me ocorreu que eu tenho a impressão de que a Bozena é autista. Lembra de um filme que a gente viu com Tom Cruise, que o irmão era meio bobo, era autista?"

Esta frase foi pronunciada durante a programação da maior emissora de televisão do país. Trata-se de uma fala do personagem Mário Jorge do programa humorístico "Toma lá, dá cá", vivido pelo ator Miguel Falabella, que também assina a obra como autor.

No diálogo, Mário Jorge depreciava a empregada Bozena, vivida pela atriz Alessandra Maestrini.

Pois bem, está no dicionário: "Bobo: Pessoa que quer divertir os outros com trejeitos, caretas e ditos tolos". Também está no dicionário o significado do termo autista: "Pessoa que sofre de autismo" que por sua vez quer dizer "Estado mental caracterizado pela tendência a alhear-se do mundo exterior e ensimesmar-se".

E vamos além: O autismo é uma desordem comportamental que geralmente impede que a pessoa que sofre dela desenvolva relações sociais normais, se comportando de maneira compulsiva e ritualista. Não se trata de um retardo mental ou lesão cerebral como muitos pensam, embora vários autistas apresentem também estes problemas.

Os sinais do autismo costumam aparecer antes dos três anos de idade e sua causa é desconhecida, apesar de haver vários estudos como tentativas de encontrá-la.

Pode ocorrer atraso na iniciação da fala de uma criança autista com relação a outras crianças da mesma faixa etária de idade. A criança autista costuma se isolar, não por estar desinteressada por relacionamentos com outras pessoas mas por ter dificuldade em iniciar, manter e terminar uma conversa.

Ela não possui o hábito de abraçar, olhar no olho das outras pessoas e ao falar pode ser que o faça de forma diferente ou que não o faça, algumas vezes por não poder, outras por não querer.

Também podem ser encontrados nos indivíduos com autismo,outros sintomas tais como: Risos e sorrisos inapropriados, resistência a mudar de rotina, insistência com gestos idênticos, pequena resposta aos métodos normais de ensino, aparente insensibilidade à dor, repetição de palavras ou frases, hiper ou hipo atividade física, angústia sem razão aparente, não responde às ordens verbais atuando como se fosse surdo, dificuldade em expressar suas necessidades empregando gestos ou sinais para os objetos em vez de usar palavras,etc.

Existem vários graus de autismo, podendo haver portanto, autistas mais sociais, intelectuais e por diversas vezes não muito diferentes das pessoas tidas como normais. O diagnóstico da doença é feito por meio de observação.

Enfim, tentemos responder agora, a pergunta feita no título: Quem é o bobo nessa história? Existe virtude em instigar julgamentos preconceituosos utilizando de um meio de comunicação de massa, de concessão pública, em nome de uma audiência conquistada à qualquer custo? O ator pediu desculpas pelo ocorrido, mas que não se confunda o ato de pedir desculpas por uma falha, com o ato de apagá-la.

Bobo o autista? Não. Bobo, o artista.


Para ler o original, clique aqui.

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Teorias dos Sistemas - Diferenciação do self e triangulo

Diferenciação do self (M. Bowen, 1960)

Refere-se à capacidade de uma pessoa de separar seu funcionamento intelectual e emocional do de sua família. Indivíduos com "baixa diferenciação" são mais propensos a se tornarem fundidos às emoções familiares predominantes. Estas pessoas dependem da aprovação e aceitação de outros. Ou eles se conformam a outros, para apaziguá-los, ou tentam forçar os outros a conformarem-se com eles. Estas pessoas são mais vulneráveis ao estresse e tem maiores dificuldades para se ajustar a mudanças de vida.

Ego familiar comum

Conjunto de constelações, atitudes, sentimentos, valores e crenças que representam um sistema emocional familiar.
Projeção familiar
O problema vivido por ambos os pais é transmitido a um ou vários filhos.

Triângulo

Se há tensão entre duas pessoas membros de um sistema é triangular a uma terceira pessoa para reduzir a tensão no meio do sistema.

Na Teoria dos Sistemas Familiares, quando duas pessoas têm problemas, uma ou ambas vão "triangulizar" em um terceiro membro. Ao mudar o foco da ansiedade para um terceiro membro, fica mais fácil lidar com ela. Em um triângulo, dois estão por dentro do problema e um está por fora. Por exemplo, ao invés de falar com o marido sobre frustrações que está a sentir, uma mãe passa a se preocupar com o filho. A ansiedade é diminuída ao se ignorar sua fonte (o relacionamento com o marido): o marido está por fora e mãe e filho dentro do triângulo.
Outro exemplo é quando o marido, frustrado com sua mulher, passa muito tempo no trabalho, excluindo sua esposa do triângulo e formando uma parceria com o trabalho.

Mesmo que a ansiedade seja reduzida, nenhum dos casos está a resolver a fonte de sua ansiedade.
Triângulos geralmente têm 2 indivíduos ou entidades em conflito e outra não envolvida. Quando a tensão está baixa, a relação entre os dois primeiros indivíduos é desejável. Nos triângulos, um estranho ao relacionamento é trazido para dentro do conflito, numa tentativa de diminuir ou evitar a situação ansiogênica ou numa tentativa de arrumar um parceiro contra o outro indivíduo. Os dois indivíduos em conflito podem ativamente excluir o terceiro quando o relacionamento melhora, provocando sentimentos de rejeição ao estranho trazido ao conflito.


Como numa dança das cadeiras, as posições não são fixas. Se tensão desenvolve entre duas pessoas dentro do triângulo, a mais desconfortável delas vai se mover para mais perto do estranho. A outra pessoa que estava dentro do conflito torna-se então "o estranho". Presumivelmente, o novo "estranho" faz o possível para voltar em uma posição de intimidade com os de dentro do triângulo.

Em conflitos de altos níveis de tensão, a posição de estranho é a mais desejada. Se os de dentro estão em sério conflito, uma pessoa pode optar por exercer a posição de "estranho" ao trazer o "estranho" atual para dentro do triângulo, fazendo-o brigar com o outro vértice. Se esta manobra for bem executada, a pessoa ganha uma posição confortável ao ver as outras duas brigando. Quando a tensão acaba, o "estranho" tenta retomar sua posição dentro do triângulo.

Self

Permite que uma pessoa se auto-referencie individualmente, que distinga sujeito de objecto

Por exemplo no casamento os indivíduos procuram parceiros geralmente com a mesma diferenciação do self.

Pacientes psicóticos têm pouca diferenciação do self, devido a triângulos (pais passam aos filhos seus problemas). Neste tipo de problemas os aspecto emocional é maior que o racional. Isso acontece mais com casais com pouca diferenciação do self. Em geral pais passam mais para um filho do que para vários e isso permite que os outros atinjam uma melhor diferenciação do self.

A toxicodependência também está implicada em problemas de diferenciação do self.

Referências:

ResearchBlogging.org

Bohlander, J. (1995). Differentiation of Self: An Examination of the Concept Issues in Mental Health Nursing, 16 (2), 165-184 DOI: 10.3109/01612849509006932

Klever, P. (2009). Goal Direction and Effectiveness, Emotional Maturity, and Nuclear Family Functioning Journal of Marital and Family Therapy, 35 (3), 308-324 DOI: 10.1111/j.1752-0606.2009.00120.x

Triangulation - Systemic And Structural Family Theories

Foto: http://nossasbrincadeiras3b.zip.net/images/danca_das_cadeiras.JPG

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Teorias da Comunicação - Double bind


(Mental Research Institute, Palo Alto)

Axiomas da pragmática da comunicação humana

• Não se pode não comunicar
• Toda comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de comunicação tais que o segundo classifica e o primeiro é portanto uma metacomunicação
Metacomunicação: comunicação que indica como a informação verbal deve ser interpretada; estímulos ao redor da comunicação verbal que também possuem significado
• A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre os comunicantes
• Os indivíduos comunicam-se digital e analogicamente. A linguagem digital é uma sintaxe lógica sumamente complexa e poderosa, mas carente de adequada semânitca no campo das relações, ao passo que a linguagem analógica possui a semântica mas não tem uma sintaxe adequada para a definição não ambígua da natureza das relações
• Todas as permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença

Linguagem analógica – linguagem não verbal

“Double bind”
Paradoxos pragmáticos – G. Bateson et al., 1956
Forte reação complementar
Instrução que tem que ser obedecida e desobedecida para que seja obedecida
Impossibilidade de auto-comunicar
Ex: pai fala “Não seja tão obediente”. O filho pode obedecer desobedecendo ou ser obediente contrariando o pai. É um paradoxo pragmático. Todos estamos sujeitos a double blind (governo versus cidadãos, etc).

É possível que esquizofrênicos apresentam maior dificuldade em metacomunicar e fiquem mais presos aos double blind.

A diferença entre a relação terapêutica e patológica é que a primeira possibilita que o indivíduo metacomunique.

Um double bind é um dilema em comunicação no qual um indivíduo (ou grupo) receve duas ou mais mensagens conflitantes, com uma a negar a outra. Isso cria uma situação na qual a resposta necessária a uma resposta resulta em falha a responder a outra, deixando o indivíduo a errar, seja qual for sua resposta. A natureza do double bin é que a pessoa não pode confrontar o dilema inerente e fica impossibilitada de comentar tanto de comentar, resolver ou sair do conflito.

Um double bind geralmente inclui diferentes níveis de abstração em ordem de messagens e estas podem ser passadas em voz alta ou pelo tom de voz ou linguagem corporal. Tipicamente a demanda é imposta sobre a vítima por alguém de respeito na relação (um dos pais, um professor, o médico) mas esta demanda é impossível de ser cumprida, já que um contexto maior a proíbe. Um exemplo: quando uma pessoa de autoridade impõe duas condições contraditórias mas existe uma regra não falada de que autoridade nunca deve ser questionada.
Bateson e col definiram o double bind como:

  1. Uma situação que envolve duas ou mais pessoas, uma das quais (para propósitos de definição) é designada "vítima". Os demais são pessoas que podem ser consideradas superiores da vítima: figuras de autoridade, os quais a vítima respeita.
  2. Experiência repetida: o double bind é um tema recorrente na experiência da vítima, e como tal, não pode ser resolvido como uma única experiência traumática.
  3. Um "comando primário" (primary injunction) é imposto à vítima por outros sob uma das duas formas:
    1. Faça X ou vou puní-lo
    2. Não faça X, ou vou puní-lo
    3. (ou ambos - 1 e 2) A punição é assumida como sendo ou a retirada do amor, a expressão de ódio e raiva ou o abandono, resultando da expressão de falta de ajuda da figura de autoridade.
      1. Um "comando secundário" (secondary injunction) é imposto à vítimia, que entra em conflito com o primeiro em um nível mais alto e mais abstrato. Por exemplo: "Você não deve fazer X, mas somente faça se você realmente quiser". Não é necessário que este comando seja expresso verbalmente.
      2. Se necessário, um "comando terciário" (tertiary injunction) é imposto à vítima, para prevenir que ela escape do dilema.
Por fim, Bateson relata que a completa lista de requerimentos pode não ser necessária quando a vítima já vê seu mundo em padrões de double bind. As características de tal relacionamento são:
  1. Quando a vítima está envolvida em um intenso relacionamento, isto é, um relacionamento o qual ela sente que é de importância vital que ela discrimine de forma acurada que tipo de mensagem está a ser comunicada para que responda apropriadamente
  2. E a vítima se vê numa situação na qual a outra pessoa no relacionamento está a expressar duas ordens de mensagens, uma das quais nega a outra;
  3. E a vítima é incapaz de comentar as mensagens que estão sendo expressas para corrigir seu entendimento de qual mensagem responder; isto é, ela não pode fazer uma afirmação metacomunicativo.
Para que um double bind seja efetivo, a vítima não deve ser capaz de confrontá-lo ou resolver o conflito entre a demanda exigida pelo comando primário e o comando secundário. Desta forma, o double bind se diferencia de uma simples contradição para um conflito interno mais inexpressível, no qual a vítima realmente quer cumprir a demanda do comando primário, mas falha todas as vezes por uma inabilidade de avaliar a imcompatibilidade da situação com as demandas do comando secundário. Assim, a vítima pode expressar sentimentos de extrema ansiedade nesta situação.

Conflitos em comunicação são comuns e constantemente nós perguntamos "O que você quis dizer?" ou buscamos clarificação de outra forma. Isto é chamado de metacomunicação ou comunicação a cerca da comunicação.

Exemplos clássicos:

Uma mãe que diz a seu filho que o ama, enquanto vira seu corpo ou rosto para o outro lado, com nojo. As palavras são socialmente aceitáveis, mas a linguagem corporal está em conflito. Crianças pequenas têm dificuldades em articular contradições verbalmente e não podem ignorá-las ou abandonar o relacionamento com a mãe.
Outro exemplo é o comando "seja espontâneo". O próprio comando contradiz espontaneidade, mas ele só se torna um double bind quando um não pode o ignorar ou comentar a contradição.

Bateson também descreve double binds positivos: no Zen Budismo, no caminho para o crescimento espiritual e o uso terapêutico de double binds por psiquiatras, quando confrontam seus pacientes com contradições presentes em suas vidas, para ajudá-los a sair desta situação.

Esquizofrenia

No caso específico da esquizofrenia, muitos pensam que Bateson propôs que double binds podem causar esquizofrenia. Uma leitura apropriada de seus textos, elucida que:
  • seus achados indicam que emaranhados na comunicação geralmente diagnosticados como esquizofrenia não resultam necessariamente de uma disfunção cerebral orgânica. Eles encontraram que double binds destrutivos são padrões de comunicação frequentes entre familiares de pacientes e propuseram que padrões perpétuos de double binds poderiam levar a padrões confusos de pensamento e comunicação.
  • Uma disfunção na programação cerebral, isto é, o aprendizado de um padrão disfuncional de pensar e a criação uma situação na qual a vítima não pode comentar ou realizar um comentário de metacomunicação sobre seu dilema poderia (em teoria) escalar a ansiedade e potencialmente causar uma crise.
  • Uma solução para o double bind consiste em colocar o dilema em um contexto ainda maior, através do aprendizado. Entretanto, no caso da esquizofrenia, o double bind é presente continuadamente e dentro do contexto familiar. Quando a criança está madura o suficiente para identificá-lo, este já foi internalizado e a criança fica impossibilitada de confrontá-lo.A solução seria um escape, em um mundo ou sistema delirante.
Exemplos de frases double bind:

A mãe diz a seu filho: "você deve me amar" - amor deve ser espontâneo.

Frase Zen: "Seja genuíno" e "Quem é você?" - quanto mais o estudante tenta apresentar seu verdadeiro self, mais falso soa.

"Você deve ser livre" - liberdade implica espontaneidade.

A mãe diz ao filho -  "mostre aos seus primos como você brinca" - brincadeira deve ser espontâneo.

Mãe diz ao filho: "deixe sua irmã em paz!" quando o filho sabe que a irmã vai antagonizá-lo para que ele seja punido.

Referências:

ResearchBlogging.org

Visser, M. (2003). Gregory Bateson on deutero-learning and double bind: A brief conceptual history Journal of the History of the Behavioral Sciences, 39 (3), 269-278 DOI: 10.1002/jhbs.10112

Arden M (1984). Infinite sets and double binds. The International journal of psycho-analysis, 65 ( Pt 4), 443-52 PMID: 6544755

Bateson, Gregory. "Toward a Theory of Schizophrenia," in Part III, Steps to an Ecology of Mind: Collected Essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution, and Epistemology. University of Chicago Press, 1999, originally published, San Francisco: Chandler Pub. Co., 1972.

Foto: http://sistemielettorali.files.wordpress.com/2009/06/bron38l.jpg

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Deu no Blog da Saúde

Para ler a notícia na íntegra, clique na figura.


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Notícias em toxicodependência Robert Downey Jr. — Accidental Drug Addict



ROBERT Downey Jr. tornou-se dependente químico por acidente.


O astro de Iron Man - que foi preso e participou de reabilitações às drogas diversas vezes entre 1996 e 2001 - insiste que ele havia prometido a si mesmo nunca experimentar narcóticos classificação A (opioides, crack e cocaína) e só notou que tinha um problema quando tinha que usar drogas para se livrar de seus sintomas "de gripe".
"Da primeira vez foi ópio" - o ator disse à revista britânica Esquire. "Da segunda vez parecia ópio. Assemelhava-se a ópio, cheirava o mesmo, talvez um pouco mais sujo (...) e quando acordei 3 semanas depois, e pensava que estava gripado, usei mais uma vez, olhei para cima e disse "Beleza. Agora somos drogados. Que grande m****!"

"Eu sempre fui o cara que dizia "Não à heroína e não ao crack". Mas não importa se você passa 10 anos sem usar. Porque no dia 3551 é a sua vez."
O ator de Sherlock Holmes também admitiu ter lutado para largar o vício e achou-se vez e outra de volta às clínicas de recuperação.

“I’m Retread Fred, recaído serial”

Foto: http://sporeflections.wordpress.com/2009/03/26/my-doppelgangers/

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Notícias em psiquiatria

Do clipping de notícias da ABP

A dieta do vício
Para manterem-se magras, mulheres trocam a comida pelo álcool. A doença já ganhou nome: drunkorexia

Veículo: A Notícia
Seção: Joinville
Data: 06/12/2009
Estado: SC

Embora esteja no peso ideal ou ligeiramente abaixo dele, Camila* jamais descuida do corpo. Se preocupa com a silhueta a ponto de seguir um treino diário na academia e excluir totalmente os doces e as frituras do cardápio. Já Larissa* obedece a um menu ainda mais espartano: além de gorduras e doces, não come massas, e ainda assim, acha que não se preocupa o suficiente com o corpo. Psicóloga e publicitária moram em Florianópolis, têm pouco mais de 30 anos e, além de dividirem a preocupação excessiva com o corpo, têm outro ponto em comum: os regimes restritivos que seguem não excluem excessos alcoólicos frequentes. No prato, saladinha. No copo, vinho, cerveja, champanhe ou vodka.


Substituir refeições por álcool, trocar as calorias de grupos alimentares por aquelas contidas nas bebidas ou ainda utilizá-las para aplacar a ansiedade e o vazio no estômago geram um comportamento de risco que recentemente foi batizado de alcoolrexia, anorexia alcoólica ou drunkorexia (drunk significa bêbado em inglês). Os nomes não são oficiais, assim como o comportamento não é considerado um transtorno alimentar, mas especialistas alertam para o aumento do número de meninas que apresentam esse traço.


“A valorização cultural da magreza e a aceitação social do uso de álcool pelos jovens têm provocado o aumento de casos, mas não há dados definitivos sobre quantas pessoas apresentam este tipo de comportamento”, explica Eduardo Wagner Aratangy, supervisor do Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Mulheres com essas características já procuraram especialistas de Santa Catarina. “A preocupação com as calorias é tanta que o mínimo que ela se permite usa no álcool. Elas não querem abrir mão disso, então, não comem quase nada. Em outros casos, a bebida pode tirar a fome”, explica a nutricionista Isabela Sell. Seja por mecanismos calóricos ou cerebrais, o álcool, de fato, pode dar a sensação de saciedade.


“O álcool libera dopamina, neurotransmissor que diminui a ansiedade. Quando estamos com fome ficamos mais ansiosos. O álcool relaxa. Ele também tem um aporte calórico, mas não tem proteína nem aminoácido”, explica o psiquiatra Marcos Zaleski. A combinação entre abuso de álcool e falta de nutrientes pode causar desnutrição e gastrite, além de lesões hepáticas que podem resultar em hepatite e câncer. Do ponto de vista psiquiátrico, pode provocar ansiedade e depressão.

* Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.

Aécio sanciona lei antifumo em Minas Gerais
Nova legislação estabelece que o proprietário ou responsável pelo estabelecimento comercial que descumprir a proibição em local fechado será multado
Veículo: Agência Estado
Seção: Notícias
Data: 04/12/2009

Estudo associa tabagismo ao risco de câncer de intestino
Pesquisa "oferece mais uma razão para não fumar, ou para parar o mais rápido possível
Veículo: Boa Saúde
Seção: Notícia
Data: 07/12/2009
 
Estudo associa exercícios físicos a maior inteligência
Atividades aeróbicas estimulam o desenvolvimento de neurônios no cérebro
Veículo: Folha de S Paulo
Seção: Saúde
Data: 05/12/2009

Sexo entre toxicômanos acelera transmissão do HIV na Ásia
Segundo os últimos dados revelados pela OMS, a maioria dos contágios da doença no continente acontece agora por via intravenosa
Veículo: Folha Online
Seção: Ciência
Data: 07/11/2009

Maconha é usada como terapia medicinal no norte de Israel
Um hospital público israelense começou a realizar o tratamento e a receitar maconha para os doentes. E mais: eles podem fazer uso da medicação, quer dizer, fumar a erva, dentro do hospital.
Veículo: Rede Globo
Seção: Fantástico
Data: 06/12/2009

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

La Hystérie Époque



Quando falamos de eras passadas, mesmo as muito próximas como específicas décadas do século 20, gostamos de dar-lhes nomes. Assim temos a Bélle Époque até a Primeira Guerra Mundial, na qual os dândis povoavam o imaginário coletivo e belas garotas de cabelos curtos e colares de pérolas dançavam nos salões. Outros exemplos incluem o Entre Guerras, um período de armamentício e medo, e a Guerra Fria, no qual predominava a paranóia sobre o fim do mundo.
Acredito que quando historiadores futuros olharem para as duas últimas décadas (de meados de 1990 ao final desta década), estes anos provavelmente serão lembrados como La Hystérie Époque ou a Época da Histeria Coletiva.

Nunca se viu tanta movimentação, protestos e opiniões cerradas por tão pouco: entramos em completo pânico pela gripe suína que, apesar de aparentemente mais grave, não tem causado o caos previsto pela Organização Mundial de Saúde que se precipitou (na minha opinião) em decretar "pandemia" tão cedo. Se o medo da Gripe Suína estabeleceu-se como fogo em palha ao redor do mundo, parece ter-se dissipado ainda mais rápido frente ao medo de se tomar a vacina da Gripe Suína: pacientes e profissionais de saúde na Europa estão a correr como o diabo da cruz diante da possibilidade da agulha. Em Portugal, a ministra da saúde já pensa em responsabilizar médicos que não estão a receitar a vacina às grávidas, com medo das consequências. Devo avisar aos colegas de além mar que o Brasil já viveu situação semelhante, e que a obrigatoriedade do espeto causou a famosa "Revolta da Vacina", na qual a população do Rio de Janeiro saiu às ruas no início do século passado em protesto contra as medidas despóticas de Oswaldo Cruz. Ainda antes da gripe suína, foi o medo generalizado da Gripe das Aves. Nos EUA houve o escândalo do antrax pelos correios, que deixou milhares de americanos (que já são um povo um bocado assustado por princípio) com medo de abrir cartões de Natal. E também posso citar a crise da "Vaca Louca" que, apesar do pequeno número de casos na Inglaterra, deixou diversos restaurantes do MacDonald's às moscas até mesmo no Brasil.

A histeria em massa não acaba na área da saúde: O medo generalizado do terrorismo, com alertas amarelos, laranjas e vermelhos nos EUA (onde mais) e pânico nos aeroportos causa grande transtorno a todos os simples viajantes, que agora só falta atravessarem o controle de segurança nus. É o medo de um inimigo sem rosto, vil e sádico, que mata criancinhas por uma causa ideológica retrógrada e impossível. Seguindo-se a este e em paralelo, o medo das "armas de destruição em massa", justificativa pífia para uma guerra sem sentido que se arrasta há oito anos sem sinal de acabar tão cedo. Ainda me lembro de outra histeria, que foi muito forte no Brasil: a dos transgênicos, que levou ativistas radicais a destruírem plantações inteiras da Monsanto (que NÃO eram transgênicas) apenas em protesto. Dez anos depois, o mercado dos transgênicos domina a região central do país.

Recentemente, porém tenho andado a pensar em outro assunto que virou debate histérico, de fé mesmo. É o chamado "Aquecimento Global". Desde os tempos da Eco 92 o assunto cresceu e tomou uma dimensão assustadora. Para os eco-xiitas, virou uma doutrina, quase uma idéia delírio, que não se reduz à argumentação lógica. Não quero dizer que nós não temos efeitos sobre o meio ambiente, mas sim que este assunto fugiu do normal. Tentar discutir com um eco\green outras hipóteses e teorias é gastar saliva à toa. Mesmo com o climategate, a divulgação de emails nos quais conceituados pesquisadores climáticos conversam sobre como manipular dados da melhor forma para provar que o aquecimento global existe, não se consegue penetração. É histeria pura. Ou se acredita ou não.... E para mim, quando se chega nesse ponto, deixou-se de ser ciência.

Seja no caso do aquecimento global, seja na gripe suína, a ciência dos fatos deve manter-se de pé por si mesma. O ônus da prova é da teoria, ou seja: a teoria é que deve fornecer a prova suficiente de que é verdadeira. Se uma teoria faz uma hipótese, uma predileção, e esta for provada errada, a teoria deve ser descartada. Isso é o Método Científico. Por exemplo, no caso do aquecimetno global, a teoria prediz que o dióxido de carbono (CO2) está a causar o aquecimento global e os níveis deste estão maiores hoje do que em 1998. Como a temperatura global está a cair deste esta data, a predição está incorreta e a teoria deve, desta forma, ser descartada. Se apenas um resultado divergir do previsto, a teoria deve ser descartada. Albert Einstein costumava dizer: "Nenhuma quantidade de experimentos pode provar-me correto; mas um único experimento pode provar-me incorreto."

Não quero polemizar mais do que necessário com o parágrafo acima. Quero é pedir ao leitor que pense, reflita e use de seu juízo crítico antes de aceitar e engolir todas as idéias pré-fabricadas que circulam tão rapidamente neste mundo globalizado e conectado pela internet. Não seja mais um na turba que grita por ideologias ou ideias vazias. Não seja um peão de interesses ocultos. Use de seu discernimento e aprenda o método científico. Leia os dois lados de cada debate de forma imparcial e baseie sua opinião em fatos e não em modas. Lembre-se: "Contra fatos não há argumentos".

Foto: http://www.web-libre.org/medias/img/articles/d961e9f236177d65d21100592edb0769-2.jpg

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