sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Como uma dieta saudável pode se tornar um transtorno alimentar: ortorexia

É só abrir uma revista feminina e lá está o conselho, dizendo-nos o que devemos ou não comer e quais as últimas dietas da moda. Estudos recentes mostram, entretanto, que a última dieta da moda ou a obsessão por consumir apenas alimentos saudáveis pode estar a causar danos à saúde física e mental das pessoas. Já existe até um nome para este suposto transtorno alimentar: ortorexia.

Aparentemente aqueles que desenvolvem o transtorno tornam-se tão preocupados com a pureza daquilo que comem que se negam diversos grupos alimentares. Enquanto aqueles que apresentam anorexia nervosa restringem a quantidade do que comem, os que apresentam ortorexia são obcecados com a qualidade dos alimentos e eliminam de suas vidas itens como sal, açúcar, cafeína, álcool, trigo, glúten, fermento, soja e derivados do leite, além de qualquer alimento que contenha aditivos. Nos casos mais graves, a adesão rígida a estas regras leva o indivíduo a evitar comer em restaurantes ou na casa de amigos, colocando pressão nos relacionamentos sociais.
Aparentemente a ortorexia parece alinhar-se com as doenças do espectro obsessivo compulsivo, já que o objetivo não é a perda de peso, mas a qualidade dos alimentos. Além disso, pacientes com anorexia tendem a manter sua condição em segredo enquanto aqueles com "ortorexia" falam muito de suas dietas e fazem mesmo pregações aos conhecidos. Outra diferença parece ser a idade dos indivíduos afetados pela ortorexia: maiores de 30 anos, de classe média e em geral com bom nível de escolaridade. Em geral, eles passam horas lendo as últimas pesquisas sobre alimentos, peregrinam por lojas de comida saudável e passam muito tempo planejado seus menus.

O termo ortorexia nervosa foi cunhado em 1997 para descrever pessoas que desenvolvem uma fixação com alimentação saudável e embora seja referido em diversos sites e publicações como um transtorno mental não é um termo reconhecido medicamente.

Diagnóstico

Embora a ortorexia não seja um transtorno mental reconhecido pela CID-10 ou pelo DSM-IV e nem haja planos de incluí-la no DSM-V, alguns profissionais que trabalham com transtornos alimentares utilizam o termo para documentar os resultados da condição em seus pacientes.

Foto: http://www.metro.co.uk/lifestyle/852166-you-can-be-too-healthy

ResearchBlogging.org
Hepworth K (2010). Eating disorders today--not just a girl thing. Journal of Christian nursing : a quarterly publication of Nurses Christian Fellowship, 27 (3) PMID: 20632480

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3 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Oi Vanessa,

No ano passado eu comentei sobre esse assunto (mas apenas divulguei, não aboredei o assunto como cv o fez). Mas deixei um link de um site de grande divulgação (que provavelmente muitos pacientes devem ter lido).
http://nossomundo2008.blogspot.com/2010/09/ortorexia.html

Não sei como é na sua prática, mas eu raramente atendo um caso de ortorexia.É como se o transtorno fosse algo saudável e dificilmente a pessoa teria um insight para procurar ajuda. Ainda mais de um psiquiatra! hehehehe

Abaixo deixo outros links daqueles blogs que te falei (devido à minha 'preguicite aguda' eu deixei os códigos do CID e os psicofármacos num blog). Pode ser útil.

Abraço

Mariza :-)

http://cid10psiquiatria.blogspot.com/


http://psicofarmacos2010.blogspot.com/

4 de fevereiro de 2011 às 19:57  
Blogger Vanessa disse...

Cara Mariza

Desculpe a demora em responde-la. Adorei os links e vou utilizá-los sim. Quanto à ortorexia, parece que agora está na moda rotular comportamentos ainda não definidos como doença nos sistemas classificatórios como doença: ortorexia, vigorexia (exercícios em excesso), gravidorexia, e por ai vai. Também nunca vi ninguem com este tipo de comportamentos, mas como o assunto se enquadra em saúde mental, achei que caberia no blog. Também nunca vi ninguém com transtorno dissociativo de personalidade, embora exista no DSM (sou como S. Tomé... só acredito vendo!).

8 de fevereiro de 2011 às 16:48  
Anonymous merck disse...

Quantas e quantas coisas ainda iremos descobrir que nem imaginávamos.

9 de fevereiro de 2011 às 13:45  

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