quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Terapia cognitivo comportamental (TCC) em sintomas e pensamentos paranoicos

Paranoia: ideia exagerada ou deliberada de que outros estão a tentar causar mal ao paciente, desde ameaças físicas a psicológicas. Conforme post anterior, pesquisas recentes demonstram que pensamentos paranºoicos são mais comuns do que se pensava, com 1 em 3 pessoas apresentando pensamentos paranóides, 5% apresentando delírios persecutótios e 1% que os apresenta em grau severo.

Pensamentos paranóicos são melhores explicados como tentativas de se tentar entender eventos como eventos sociais ambíguos, um olhar, algo que foi dito ou eventos internos ambíguos como experiências ou sentimentos estranhos. Em TCC busca-se entender o porque o paciente desenvolveu os pensamentos paranóides, quais circunstâncias levaram a este desenvolvimento. A TCC lida com a evidência que suporta os pensamentos paranóicos do indivíduo.

Exemplo:
Um paciente acredita que os vizinhos estão a perseguí-lo e a desejar-lhe mal. "Eu saio na rua e vejo as cortinas a mexer e fico ansioso".  Neste caso, a pessoa sai a rua e procura evidências que suportam suas crenças. Deve-se explorar se quando sai à rua, já está a sentir-se ansioso? Chega a conclusões precipitadas? Esta pessoa avalia outras explicações para a sua situação?
Avaliar outras explicações é parte do tratamento TCC para pensamentos paranóicos, procurando por gatilhos específicos. O tratamento consiste em monitoramento do quadro, entendimento das causas (emoções, passado do paciente, estilo de raciocínio), e ajudar o paciente entender que pensamentos não são fatos, necessitando de evidências prós e contras antes de se chegar a um julgamento. Ajuda-se o paciente a testar seus medos: a ameaça é realista? e como lidar com os pensamentos paranóides quando ocorrem, ao invés de lutar contra eles. Técnicas de redução de preocupações também são parte fundamental do tratamento.

Técnicas de redução de preocupações (Worry reduction technics)

Preocupação é uma forma de pensamento exagerado (catastrophization ou "catastrofização"). Quando um paciente utiliza esta forma de pensamento, sempre chega às piores conclusões.
Preocupar-se sempre leva os pensamentos por um caminho negativo. Após demonstrar como preocupar-se é negativo, deve-se tentar implementar "períodos de preocupação", postergando as preocupações para mais tarde (nunca ao fim do dia) e confinando-as a períodos de 20 minutos. Após este período, utilizar técnicas de resolução de problemas ao invés de pensar no pior (catastrofizar).

Muitas estratégias para lidar com a paranóia são estratégias para controle de ansiedade, claramente aplicáveis a esta condição, que parece ser um tipo de medo ou fobia. Especificamente para paranóia, tenta-se evitar viéses de raciocínio (chegar a conclusões precipitadas), viéses de raciocínio confirmatório (tendência a apenas levar em conta evidências que confirmam os pensamentos)  e entender que estes pacientes menos provavelmente buscam outras explicações para eventos.
Experiências anormais e estados internos incomuns aumentam a paranóia como alucinações, distúrbios do sensório ou sentimentos: sons parecem ser mais altos, cores mais brilhantes. Estas experiências levam o indivíduo a buscar explicações, tendendo a pensar em explicações mais hostis.

Especificamente do terapeuta, espera-se que seja alguém que reflita mais e ouça seu paciente. Indivíduos que sofrem destes quadros em geral não são ouvidos e constantemente tem que se justificar. Evite questioná-los nas primeiras sessões. O examinador deve sempre avaliar pensamentos suicidas (maior risco nestes pacientes) e manter uma atitude exploratória interessada e curiosa. Evite dissecar os pensamentos e tente ser empático, sumarizando frequentemente. Não se esqueça de checar outros sintomas positivos ao final e questionar o que o paciente achou da sessão e do seu desempenho.

Imagem_ http://www.examiner.com/recovery-spirituality-in-tucson/research-shows-cognitive-behavioral-therapy-most-effective-treatment-for-crystal-meth-addicts

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