sábado, 17 de agosto de 2019

Botox na psiquiatria!

Pode parecer estranho mas recentemente muitos estudos tem mostrado que a toxina botulínica pode ter um papel no tratamento da depressão.Charles Darwin foi um dos primeiros a reconhecer como os músculos faciais contribuem para a expressão de emoções. Com o tempo, as contrações musculares podem formar dois sinais que podem ser encontrados em pacientes com depressão melancólica

O Sinal do Ômega

Também conhecido como omega melancholicum foi descrito em 1872 por Darwin como "músculos do luto", no livro "A Expressão de Emoções em Homens e Animais". O sinal é formado pela contração excessiva e prolongada dos músculos procerus e corrugator, como comprovada em eletromiografia de pacientes deprimidos. Esse fenômeno é conhecido como propriocepção emocional.

A dobra de Veraguth é outro sinal comumente encontrado na depressão crônica, primeiramente descrito pelo neurologista Otto Veraguth em 1911. Do ponto de vista diagnóstico, a dobra de Veraguth pode ajudar a diferenciar entre quadros de demência ou pseudodemência (depressão que parece demência), cuja dificuldade diagnóstica atrasa a instituição do tratamento adequado.

Esses sinais, que andavam fora de moda na psiquiatria, voltaram a ser observados recentemente com a popularização das injeções de toxina botulínica na área glabelar, que parecem levar a redução de sintomas depressivos. A hipótese mais provável para esse fenômeno parece ser o "biofeedback facial", que postula que a expressão facial influencia a percepção emocial e regula o estado de humor. Explicações alternativas para a melhora do humor incluem a melhora na interação social e na autoestima.

As pesquisas sobre os efeitos da toxina botulínica na melhora do humor ainda engatinham. O tratamento indicado para depressão continua sendo o uso de antidepressivos mas, para pacientes crônicos, com as linhas acima, a toxina botulínica pode ser indicada associada, devido ao baixo risco de efeitos colaterais e para "treinar" a musculatura da face, que fica com vincos profundos em pacientes com doença de longa data.
Referências: Saraf et al. Revisting Omega and Veraguth's Sign. Indian J Psychol Med. 2019, May-Jun; 41(3): 295-297.

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sábado, 10 de agosto de 2019

Pais e parentalidade positiva


Criar uma criança é também simultaneamente criar um pai e uma mãe. A procriação trata da criação de uma relação totalmente nova entre 3 pessoas, uma situação única e excepcional que comporta enorme força potencial pela intensidade das reações emocionais que provoca, não só entre os três protagonistas mas também à sua volta, no meio familiar e social.
Existem diversas teorias de parentalidade e o post de hoje vai focar especificamente na "parentalidade positiva" e em estratégias dessa linha de pensamento, baseada na psicologia positiva.

As 5 dimensões da parentalidade positiva


Na psicologia positiva, o positivismo e as emoções positivas são a base a criança adquirir uma estrutura resistente de personalidade. A valorização das emoções positivas como a felicidade, os talentos, o saudável relacionamento social com os pares ou o incentivo/promoção do desenvolvimento dos interesses e pontos fortes individuais são essenciais para a construção de uma personalidade positiva e para o desenvolvimento do seu potencial, segurança e bem-estar.

Para que isso aconteça os pais devem conhecer as cinco dimensões da parentalidade positiva:


1. Compreender as necessidades físicas da criança.
2. Promover a segurança da criança.
3. Promover o desenvolvimento, comportamento e a estimulação da criança.
4. Comunicar de forma positiva com o filho.
5. Exercer uma disciplina positiva.

“Parentalidade positiva é um comportamento parental que se baseia no melhor interesse da criança e que assegura o seu crescimento, educação, capacitação, com reconhecimento e orientação, sem violência e com fixação de limites para permitir o seu pleno desenvolvimento.” (Council of Europe, 2006)

O pai e mãe positivos cuidam, capacitam, guiam e reconhecem as crianças como indivíduos no gozo pleno dos seus direitos. A qualidade das trocas afetivas entre os pais e os filhos e a sensibilidade dos pais para interpretar e responder às efetivas necessidades da criança com autenticidade e coerência são competências fundamentais no exercício de uma parentalidade eficaz, responsável e protetora.
A parentalidade positiva não é uma parentalidade permissiva: estabelece os limites que as crianças precisam para as ajudar a desenvolver ao máximo o seu potencial. A parentalidade positiva respeita os direitos das crianças e educa-as num ambiente não-violento.


A Duquesa de Cambridge curtindo a falta de educação da filha de 4 anos, mas corrigindo bondosamente (note como ela segura a princesa Charlote e ela reage sabendo que fez coisa errada).

Aqui vão 3 dicas estratégicas e mãos-à-obra:

1: Foque nas razões que causaram o ato
Em geral as crianças se comportam mal por algum motivo. Por exemplo, um irmão pode bater no outro porque o mais novo pegou um brinquedo dele. Ensine a criança menor a pedir permissão para que a situação não se repita. Se seu filho não está te obedecendo ainda, pode ser que suas expectativas estejam irreais. É sempre bom entender sobre o desenvolvimento normal de uma criança antes de exigir demais e se frustrar.

2: Seja bondoso, mas firme.

Você tem que ser um modelo de respeito aos outros para a criança entender o comportamento. As crianças aprendem imitando os adultos e os pais são as principais formas do comportamento. Quando você grita, humilha ou xinga uma criança, ela aprende e repete esse comportamento. Sua bondade respeitosa acalma a criança e torna a cooperação mais provável. Ser bondoso não é a mesma coisa de ceder, ok? Muitos pais confundem bondade com permissividade. Você pode dizer um NÃO calmo e firme. Não há necessidade de gritar e se agitar. Um Não firme é melhor que um não gritado. Enforce limites e consequências para atos ruins para que a criança aprenda o que esperar do futuro e ter substrato para uma boa tomada de decisões.

3: Seja claro, consistente e mantenha o propósito
Tenha clara as consequências de violar limites antes de enforçar as consequências, ou seja, saiba com calma o que você quer fazer nessas stiuações para não dizer que vai fazer uma coisa (que não dá para por em prática ou que você realmente não quer fazer) e minar sua autoridade. Não adianta ameaçar levar embora de uma festa se você não vai cumprir. Além disso, mantenha a constância, se não vai dar confusão. Uma criança vai testar seus limites para ver o que acontece. Se você a pune hoje mas amanhã permite, você minou sua autoridade e respeito.

Referências: 
Folheto "Política de Apoio à Parentalidade Positiva", Conselho da Europa. Recomendação do Conselho da Europa, 2006.
Serry & Szalavitz. The boy who was raised as a dog: and other stories from a child psychiatrist's notebook - what traumatized children can teach us about loss, love, and healing, disponível aqui.


As 5 dimensões da parentalidade positiva, Mãe-me-quer magazine digital, disponível aqui

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terça-feira, 6 de agosto de 2019

7 formas de espantar a depressão

Quando você sentir a tristeza chegando, pode tentar estas estratégias para não se render a ela!

1. Aprenda seus sinais de alerta
Se você fosse cardíaco gostaria de saber os sinais de alerta de um infarto para procurar o pronto socorro imediatamente, não é? Na psiquiatria isso também é importante! Você fica apático? Irritado? Seu apetite muda ou você se isola?
Quando você procura ajuda no início do quadro, o índice de sucesso é maior!

2. Procure sua rede de suporte
Muitas pessoas passam a se isolar quando deprimidas, mas isso faz com que o quadro piore. Lute contra a tendência ao isolamento! Procure seus amigos, família, vá à igreja, etc. Esta é uma boa hora para procurar uma psicoterapia.

3. Pratique bons hábitos de sono
A depressão na maioria das vezes altera seu sono fazendo com que você durma demais ou de menos. Tente manter um padrão consistente: evite sonecas durante o dia ou permanecer na cama por muito tempo após acordar. Se você não consegue adormecer limite seu consumo de cafeína e diminua a exposição aos dispositivos eletrônicos antes de dormir.

4. Alimente-se com sabedoria
As mudanças alimentares e a inércia que acompanham a depressão fazem com que seja mais difícil manter hábitos alimentares saudáveis. Infelizmente a nutrição inadequada faz a depressão piorar.
Se você não tem forças para cozinhar, invista em sopas saudáveis facéis de preparar ou alimentos congelados saudáveis. Se, ao contrário, você come a mais quando deprimido, evite ter "porcarias" em casa para não cair em tentação.

5. Limite seu consumo de álcool
Pode parecer que uma taça de vinho após um longo dia te relaxa, mas agora não é o momento. Depressão e álcool não se misturam: o álcool é um depressor e pode piorar seu humor e arrebentar com seu sono.

6. Exercícios
Pode ser a última coisa da sua lista quando está deprimido, mas os estudos mostram que os exercícios são poderosos para melhorar o humor, o sono e os níveis de energia. Uma caminhada leve de 10 minutos já te ajuda.

7. Tente se engajar em atividades encorajadoras
Um dos principais sintomas da depressão é a perda de prazer em atividades. Mesmo se você está motivado, as coisas não tem "o mesmo gosto de antes". Tente atividades como escrever, pintar ou tocar música. Procure se engajar em sua fé. Com o engajamento na atividade e na conexão com outras pessoas, há melhora do humor.

Não existe um jeito eficaz de prevenir o episódio depressivo quando ele começa, mas com um plano de ação ele fica mais manejável e isso a ajuda a se recuperar mais rápido.

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