terça-feira, 8 de dezembro de 2009

La Hystérie Époque



Quando falamos de eras passadas, mesmo as muito próximas como específicas décadas do século 20, gostamos de dar-lhes nomes. Assim temos a Bélle Époque até a Primeira Guerra Mundial, na qual os dândis povoavam o imaginário coletivo e belas garotas de cabelos curtos e colares de pérolas dançavam nos salões. Outros exemplos incluem o Entre Guerras, um período de armamentício e medo, e a Guerra Fria, no qual predominava a paranóia sobre o fim do mundo.
Acredito que quando historiadores futuros olharem para as duas últimas décadas (de meados de 1990 ao final desta década), estes anos provavelmente serão lembrados como La Hystérie Époque ou a Época da Histeria Coletiva.

Nunca se viu tanta movimentação, protestos e opiniões cerradas por tão pouco: entramos em completo pânico pela gripe suína que, apesar de aparentemente mais grave, não tem causado o caos previsto pela Organização Mundial de Saúde que se precipitou (na minha opinião) em decretar "pandemia" tão cedo. Se o medo da Gripe Suína estabeleceu-se como fogo em palha ao redor do mundo, parece ter-se dissipado ainda mais rápido frente ao medo de se tomar a vacina da Gripe Suína: pacientes e profissionais de saúde na Europa estão a correr como o diabo da cruz diante da possibilidade da agulha. Em Portugal, a ministra da saúde já pensa em responsabilizar médicos que não estão a receitar a vacina às grávidas, com medo das consequências. Devo avisar aos colegas de além mar que o Brasil já viveu situação semelhante, e que a obrigatoriedade do espeto causou a famosa "Revolta da Vacina", na qual a população do Rio de Janeiro saiu às ruas no início do século passado em protesto contra as medidas despóticas de Oswaldo Cruz. Ainda antes da gripe suína, foi o medo generalizado da Gripe das Aves. Nos EUA houve o escândalo do antrax pelos correios, que deixou milhares de americanos (que já são um povo um bocado assustado por princípio) com medo de abrir cartões de Natal. E também posso citar a crise da "Vaca Louca" que, apesar do pequeno número de casos na Inglaterra, deixou diversos restaurantes do MacDonald's às moscas até mesmo no Brasil.

A histeria em massa não acaba na área da saúde: O medo generalizado do terrorismo, com alertas amarelos, laranjas e vermelhos nos EUA (onde mais) e pânico nos aeroportos causa grande transtorno a todos os simples viajantes, que agora só falta atravessarem o controle de segurança nus. É o medo de um inimigo sem rosto, vil e sádico, que mata criancinhas por uma causa ideológica retrógrada e impossível. Seguindo-se a este e em paralelo, o medo das "armas de destruição em massa", justificativa pífia para uma guerra sem sentido que se arrasta há oito anos sem sinal de acabar tão cedo. Ainda me lembro de outra histeria, que foi muito forte no Brasil: a dos transgênicos, que levou ativistas radicais a destruírem plantações inteiras da Monsanto (que NÃO eram transgênicas) apenas em protesto. Dez anos depois, o mercado dos transgênicos domina a região central do país.

Recentemente, porém tenho andado a pensar em outro assunto que virou debate histérico, de fé mesmo. É o chamado "Aquecimento Global". Desde os tempos da Eco 92 o assunto cresceu e tomou uma dimensão assustadora. Para os eco-xiitas, virou uma doutrina, quase uma idéia delírio, que não se reduz à argumentação lógica. Não quero dizer que nós não temos efeitos sobre o meio ambiente, mas sim que este assunto fugiu do normal. Tentar discutir com um eco\green outras hipóteses e teorias é gastar saliva à toa. Mesmo com o climategate, a divulgação de emails nos quais conceituados pesquisadores climáticos conversam sobre como manipular dados da melhor forma para provar que o aquecimento global existe, não se consegue penetração. É histeria pura. Ou se acredita ou não.... E para mim, quando se chega nesse ponto, deixou-se de ser ciência.

Seja no caso do aquecimento global, seja na gripe suína, a ciência dos fatos deve manter-se de pé por si mesma. O ônus da prova é da teoria, ou seja: a teoria é que deve fornecer a prova suficiente de que é verdadeira. Se uma teoria faz uma hipótese, uma predileção, e esta for provada errada, a teoria deve ser descartada. Isso é o Método Científico. Por exemplo, no caso do aquecimetno global, a teoria prediz que o dióxido de carbono (CO2) está a causar o aquecimento global e os níveis deste estão maiores hoje do que em 1998. Como a temperatura global está a cair deste esta data, a predição está incorreta e a teoria deve, desta forma, ser descartada. Se apenas um resultado divergir do previsto, a teoria deve ser descartada. Albert Einstein costumava dizer: "Nenhuma quantidade de experimentos pode provar-me correto; mas um único experimento pode provar-me incorreto."

Não quero polemizar mais do que necessário com o parágrafo acima. Quero é pedir ao leitor que pense, reflita e use de seu juízo crítico antes de aceitar e engolir todas as idéias pré-fabricadas que circulam tão rapidamente neste mundo globalizado e conectado pela internet. Não seja mais um na turba que grita por ideologias ou ideias vazias. Não seja um peão de interesses ocultos. Use de seu discernimento e aprenda o método científico. Leia os dois lados de cada debate de forma imparcial e baseie sua opinião em fatos e não em modas. Lembre-se: "Contra fatos não há argumentos".

Foto: http://www.web-libre.org/medias/img/articles/d961e9f236177d65d21100592edb0769-2.jpg

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2 Comentários:

Blogger EcoTretas disse...

Excelente post. Pus uma referência no meu blog.
Ecotretas
http://ecotretas.blogspot.com/

29 de dezembro de 2009 às 19:21  
Blogger Vanessa disse...

Obrigada!

30 de dezembro de 2009 às 15:29  

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