Blog de familiares de toxicodependentes
Quem tem um familiar dependente químico muitas vezes sente-se só, abandonado pelos amigos e sem saber a quem recorrer. Perder a fé (seja ela na religião ou no sistema de apoio) devido às inúmeras recaídas é comum. Para ajudar, muitas pessoas tem recorrido a blogs\blogues e o post abaixo veio de um desses veículos. O blog Oxycontin and Opiate Addiction: A mother's story (para acessá-lo, clique na figura abaixo) descreve a experiência de uma mãe que está a lidar com a toxicodependência de seu filho. Em um depoimento honesto, ela tenta fazer sentido do que está a ocorrer em sua vida e tem encontrado apoio de muitos internautas na sua jornada.
Otimismo cuidadoso
Acabo de conversar com B. Tenho de congratulá-lo pois continua a trabalhar, apesar do estresse de seu chefe estar em cima o tempo todo. B ligou para dizer que seu chefe o avisou que suas tarefas tem de ser "perfeitas" já que o dono da compania chega amanhã. Ele disse que se B não o fizer adequadamente será despedido. Parece que o chefe de B está em uma missão para despedir meu filho. Eu quero dizer que há sempre três lados para uma história. O de B, de seu chefe e a Verdade. Hoje B não se sente bem. Ele está em abstinência e amanhã de manhã ele começa a metadona. Ele diz que o suboxone não está adiantando. (Ele ainda tem o suboxone, o que me surpreendeu. B não vendeu os comprimidos). De qualquer forma, meu filho foi trabalhar e chegou cedo hoje. Isso é muito importante - como qualquer dependente de heroína pode lhe dizer. Quando você se sente nauseado, para que meu filho trabalhe tão dedicadamente - e depois me dizer que vai trabalhar horas extras para ter certeza de que vai desempenhar adequadamente - isso é ótimo. Não é muito longe para que eu vá buscá-lo. Eu preciso comprar algo para o jantar, então vou comprar uma refeição para ele também.
Uma outra mãe me avisou gentilmente para que tome cuidado com meu otimismo. Eu estou. Eu estou, literalmente, a viver um dia de cada vez com meu filho. Estou a espera do momento "então prove!", no qual meu filho realmente faça o que ele fiz que vai fazer. Já agora, estou a medir seu progresso no dia-a-dia. (...)
Quão longe eu vim em 17 meses! Aqui eu achava que a clínica de recuperação iria curá-lo e que ele ficaria bom. Pouco sabia eu que o ditado "a recaída é parte da recuperação" seria a profecia de minha situação. Eu sofri por onze anos com meus próprios problemas e desafios, e finalmente estou livre de tudo aquilo. Agora resta-me esperar que meu filho também fique livre.
Estou de saída para meu grupo de estudos bíblicos hoje à noite. É um grupo de agradáveis senhoras que se importam comigo e vice-versa. Uma delas é adicta\viciada em meth (metanfetamina) que está sóbria há 3 anos e meio. Ela perdeu a guarda e os direitos de ver seu filho de 11 anos. É de partir o coração, mas admiro como ela está a mudar sua vida. (...)
Além deste blog, há um círculo de blogs de familiares de toxicodependentes que dão apoio uns aos outros na blogosfera. Ainda não encontrei nada em português (seja Pt ou Br) mas fica aqui a ideia de que utilizar um blog desta forma pode ser catártico e resultar em uma troca de experiências promissora.
O texto abaixo foi retirado de um post seu de 1 de Dezembro deste ano e traduzido por mim:
Otimismo cuidadoso
Acabo de conversar com B. Tenho de congratulá-lo pois continua a trabalhar, apesar do estresse de seu chefe estar em cima o tempo todo. B ligou para dizer que seu chefe o avisou que suas tarefas tem de ser "perfeitas" já que o dono da compania chega amanhã. Ele disse que se B não o fizer adequadamente será despedido. Parece que o chefe de B está em uma missão para despedir meu filho. Eu quero dizer que há sempre três lados para uma história. O de B, de seu chefe e a Verdade. Hoje B não se sente bem. Ele está em abstinência e amanhã de manhã ele começa a metadona. Ele diz que o suboxone não está adiantando. (Ele ainda tem o suboxone, o que me surpreendeu. B não vendeu os comprimidos). De qualquer forma, meu filho foi trabalhar e chegou cedo hoje. Isso é muito importante - como qualquer dependente de heroína pode lhe dizer. Quando você se sente nauseado, para que meu filho trabalhe tão dedicadamente - e depois me dizer que vai trabalhar horas extras para ter certeza de que vai desempenhar adequadamente - isso é ótimo. Não é muito longe para que eu vá buscá-lo. Eu preciso comprar algo para o jantar, então vou comprar uma refeição para ele também.
Uma outra mãe me avisou gentilmente para que tome cuidado com meu otimismo. Eu estou. Eu estou, literalmente, a viver um dia de cada vez com meu filho. Estou a espera do momento "então prove!", no qual meu filho realmente faça o que ele fiz que vai fazer. Já agora, estou a medir seu progresso no dia-a-dia. (...)
Quão longe eu vim em 17 meses! Aqui eu achava que a clínica de recuperação iria curá-lo e que ele ficaria bom. Pouco sabia eu que o ditado "a recaída é parte da recuperação" seria a profecia de minha situação. Eu sofri por onze anos com meus próprios problemas e desafios, e finalmente estou livre de tudo aquilo. Agora resta-me esperar que meu filho também fique livre.
Estou de saída para meu grupo de estudos bíblicos hoje à noite. É um grupo de agradáveis senhoras que se importam comigo e vice-versa. Uma delas é adicta\viciada em meth (metanfetamina) que está sóbria há 3 anos e meio. Ela perdeu a guarda e os direitos de ver seu filho de 11 anos. É de partir o coração, mas admiro como ela está a mudar sua vida. (...)
Além deste blog, há um círculo de blogs de familiares de toxicodependentes que dão apoio uns aos outros na blogosfera. Ainda não encontrei nada em português (seja Pt ou Br) mas fica aqui a ideia de que utilizar um blog desta forma pode ser catártico e resultar em uma troca de experiências promissora.
Marcadores: anfetaminas e ecstasy, dependencia quimica, heroína e opiáceos, motivacao, toxicodependencia
4 Comentários:
Uma razão para essa aus~encia em Portugal é que de uma forma geral a sociedade mesmo aquelas pessoas mais informadas manifesta um profundo temor por tudo o que seja distúrbio mental. Apenas um exemplo, alguns pais perdem 'amigos' quando estes sabem que existe um caso de anorexia em casa. Infelizmente em Portugal até um comum esgotamento (burn out?) procura ser ocultado ou então é dito em voz baixa. pelo menos em certos meios.
O estigma das doencas mentais ainda 'e grande, mas esta a mudar. No blogue em questao, a senhora mantem a anonimidade ao usar letras para designar seu nome e o do filho (B). Mesmo mantendo-se anonima ela encontrou suporte da comunidade e saiu do isolamento, que afeta tanto os doentes quanto os familiares. Boas ideias devem ser divulgadas! ;-)
Existe sim um fourm em Portugues, ainda pequeno com poucas pessoas, mas com bastantes temas discutidos.
http://familiastoxicodependentes.aimoo.com/Todos-os-T-picos-1-18043 ´
O silencio é um fomentador tão grande desta doença! Precisamos de mais participantes, de mais vozes, de partilhar mais experiencias para podermos lidar melhor com esta situação devastadora.
Obrigada pelo feedback. Vou conferir o forum e se possivel, passar esta informacao a diante!
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