domingo, 20 de dezembro de 2009

Papais Noel suicidas


Para comemorar a data e sair da mesmice de colocar cartões de natal no blog, resolvi citar o texto de 14/12 do enfermeiro português Miguel, responsável pelo blog\blogue "Cheirinho a Éter". Brilhante e criativo o blog merece uma visita.

O texto é de sua autoria, eu apenas troquei a expressão "Pai Natal" pela mais conhecida no Brasil "Papai Noel".

Papais Noel Suicidas*.

Quando se fala apenas na alegria e solidariedade trazida pelo Natal, quase ninguém aborda o lado negro desta quadra festiva. Falaremos hoje do drama vivido nesta época cheia de significado por aquele que é, talvez, o maior símbolo do Natal e o mais reconhecido pelas crianças do todo o Mundo. Falamos obviamente do Papai Noel.


Esta figura mítica é hoje a base de uma indústria que move milhões. O grande problema é que não há lugar para toda os profissionais. A Associação Portuguesa de Papais Noel Profissionais aponta o dedo ao Governo. Segundo Nicolau Neve, presidente da APPNP, "o governo não acautelou os direitos deste grupo profissional ao permitir o acesso ás funções de Papai Noel de profissionais não acreditados e com formação não adequada. Isso é particularmente ofensivo quando observamos a usurpação das nossas funções por Papais Noel temporários, biscateiros que julgam que basta colocar umas barbas postiças e gritar HO HO HO nos centros comerciais. De notar que os Papais Noel inscritos na APPNP, a única entidade acreditada para o acreditamento dos Papais Noel em Portugal exige, por exemplo que as barbas brancas sejam originais e não permite o uso de barbas postiças." Esta situação está a levar ao desespero os Papais Noel mais antigos nas funções uma vez que "os centros comerciais optam por serviços mais baratos destes profissionais não reconhecidos, não dando importância à qualidade dos serviços prestados" ainda segundo Nicolau Neve. Os profissionais no desemprego estão a perder qualidade de vida, sendo este facto particularmente visível no que diz respeito à saúde. A APPNP garante aos seus profissionais um seguro de saúde que permite a monitorização regular do estado clínico dos seus afiliados. Rudolfo Azevinho, Papai Noel no desemprego, afirma "esta barriga que aqui vêm é genuína. Nos 20 anos de exercício profissional nunca usei nenhuma almofada por baixo da roupa vermelha. Mas isto é uma profissão de risco, de desgaste rápido pois esta barriga traz consequências: problemas de coluna e joelhos, colesterol e problemas gástricos".


Estas razões levam a que cada vez mais Papais Noel optem por ações radicais, entre as quais a mais popular é o suicídio. É cada vez mais comum observarmos Papais Noel pendurados nas janelas dos prédios, nas varandas e nas árvores. As posições dos seus corpos transparecem o desespero em que se encontram e aquela corda a que se agarram simboliza o fino fio de esperança a que ainda se agarram. Mas a vida continua, indiferente, ao apelo desta gente que clama por ajuda. As pessoas passam, olham e seguem o seu caminho tal a normalidade destas ações. A taxa dos que se soltam em direcção ao abismo é cada vez maior, os que se mantêm agarrados ao fio da esperança e da vida passam, muitas vezes, dias, semanas expostos à intempérie sempre abandonados, sempre sós, sempre desesperados.


Artigo do Jornal "Barbas Brancas"


*ou Haverá Coisa Mais Parva que Pendurar um Papai Noel Insuflável no Parapeito da Janela?

Foto: http://blog.mlive.com/saginawnews_impact/2008/12/large_DAS.Santa.jpg

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1 Comentários:

Blogger Miguel disse...

Ora Vanessa, obrigado!

23 de dezembro de 2009 às 18:44  

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