Básica explicação sobre a psicofarmacologia da cocaína
Atendendo a pedidos, aqui uma revisão básica sobre como a cocaína atua no Sistema Nervoso Central (SNC):
Se você leu os posts sobre uma breve introdução às drogas de abuso, você leu que em geral elas atuam no sistema de reforço dopaminérgico (assim como estímulos naturais). Relembrando: quando comemos algo gostoso ou fazemos atividades que nos dão prazer, há uma liberação de dopamina (um neurotransmissor) na via mesolímbica do cérebro, que serve como reforço: comer algo gostoso - liberação de dopamina - prazer - quero comer esse algo gostoso de novo.
As drogas de abuso também atuam neste sistema, mas de uma forma muito mais poderosa (liberando até 10 vezes mais dopamina).
Mas como a cocaína faz isso?
A cocaína atua como um inibidor do transporte das monoaminas....Você deve estar se perguntando: Como é que é?
Nos neurônios dopaminérgicos, a dopamina está armazenada em pequenas vesículas. Quando o estímulo passa por ele, essas vesículas se fundem com a membrana do neurônio na fenda sináptica (local onde um neurônio se comunica com outro) e são jogadas nesse espaço entre neurônios.
Como nosso corpo é muito poupadinho, para não ficar gastando energia para produzir mais neurotransmissores (já que aqueles que o neurônio liberou ainda funcionam perfeitamente), há um mecanismo de buscar o que foi jogado na fenda em excesso e levar de volta para as vesículas, para ser utilizado novamente. Quem busca o excesso de dopamina e joga de volta pra dentro da célula é a bomba de recaptação de dopamina.
No caso do usuário de drogas, além de liberar dopamina por si só, a cocaína bloqueia esta bomba de recaptação e então a dopamina persiste na fenda, levando a maior efeito de prazer. Ou seja: a cocaína libera uma vasta quantidade de dopamina (muito maior do que o normal) e ainda por cima faz com que essa dopamina fique lá por muito mais tempo, ativando o próximo neurônio na fenda e criando uma sensação maximizada de prazer.
Até aqui parece que usar cocaína pode ser uma boa idéia...A droga causa todo esse prazer no SNC...talvez não seja tão mau assim, um leitor desavisado pode pensar...
MAS
por liberar tal quantidade, a pessoa que usou uma vez vai querer usar outra e outra e mais outra (mecanismo de reforço). O uso repetido de cocaína, por causar tal enxurrada de dopamina, produz adaptações do sistema dopaminérgico. Uma delas é a tolerância
O mecanismo de tolerância à cocaína:
Quando um indivíduo usa cocaína por longos perídoso, os receptores dopaminérgicos tornam-se dessensibilizados (down-regulation). De uma forma muito simples, para leigos entenderem, o que acontece é que os receptores do segundo neurônio "acostumam" com aquela quantidade de dopamina na fenda sinaptica e ela passa a não fazer mais efeito. Então, para atingir o prazer que antes era conseguido com uma pequena dose, o usuário tem que consumir cada vez mais cocaína. Além disso, no estado natural (sem estímulo) a quantidade de dopamina na fenda é baixa, vamos dizer que seria o suficiente para uma pessoa desempenhar suas atividades sem ter prazer. Nos usuários crônicos, como os receptores "acostumaram" com uma dose alta, quando a pessoa está em atividade normal (sem estímulo) aquela quantidade baixa é insuficiente e é necessário consumir cocaína até mesmo para atividades quotidianas (como no caso do alcoólico, que tem de beber para parar de tremer).
Geralmente, a abstinência prolongada da droga é suficiente para restaurar o sistema dopaminérgico. Entretanto como esse sistema de dessensibilização dos receptores é mediado geneticamente (mRNA), mesmo passados 20 anos de abstinência, se o indivíduo usar a cocaína novamente, o que levou meses ou até anos para se instalar (a dessensibilização drástica) retorna em poucas semanas ou até dias.
Se você leu os posts sobre uma breve introdução às drogas de abuso, você leu que em geral elas atuam no sistema de reforço dopaminérgico (assim como estímulos naturais). Relembrando: quando comemos algo gostoso ou fazemos atividades que nos dão prazer, há uma liberação de dopamina (um neurotransmissor) na via mesolímbica do cérebro, que serve como reforço: comer algo gostoso - liberação de dopamina - prazer - quero comer esse algo gostoso de novo.
As drogas de abuso também atuam neste sistema, mas de uma forma muito mais poderosa (liberando até 10 vezes mais dopamina).
Mas como a cocaína faz isso?
A cocaína atua como um inibidor do transporte das monoaminas....Você deve estar se perguntando: Como é que é?
Nos neurônios dopaminérgicos, a dopamina está armazenada em pequenas vesículas. Quando o estímulo passa por ele, essas vesículas se fundem com a membrana do neurônio na fenda sináptica (local onde um neurônio se comunica com outro) e são jogadas nesse espaço entre neurônios.
Como nosso corpo é muito poupadinho, para não ficar gastando energia para produzir mais neurotransmissores (já que aqueles que o neurônio liberou ainda funcionam perfeitamente), há um mecanismo de buscar o que foi jogado na fenda em excesso e levar de volta para as vesículas, para ser utilizado novamente. Quem busca o excesso de dopamina e joga de volta pra dentro da célula é a bomba de recaptação de dopamina.
No caso do usuário de drogas, além de liberar dopamina por si só, a cocaína bloqueia esta bomba de recaptação e então a dopamina persiste na fenda, levando a maior efeito de prazer. Ou seja: a cocaína libera uma vasta quantidade de dopamina (muito maior do que o normal) e ainda por cima faz com que essa dopamina fique lá por muito mais tempo, ativando o próximo neurônio na fenda e criando uma sensação maximizada de prazer.
Até aqui parece que usar cocaína pode ser uma boa idéia...A droga causa todo esse prazer no SNC...talvez não seja tão mau assim, um leitor desavisado pode pensar...
MAS
por liberar tal quantidade, a pessoa que usou uma vez vai querer usar outra e outra e mais outra (mecanismo de reforço). O uso repetido de cocaína, por causar tal enxurrada de dopamina, produz adaptações do sistema dopaminérgico. Uma delas é a tolerância
O mecanismo de tolerância à cocaína:
Quando um indivíduo usa cocaína por longos perídoso, os receptores dopaminérgicos tornam-se dessensibilizados (down-regulation). De uma forma muito simples, para leigos entenderem, o que acontece é que os receptores do segundo neurônio "acostumam" com aquela quantidade de dopamina na fenda sinaptica e ela passa a não fazer mais efeito. Então, para atingir o prazer que antes era conseguido com uma pequena dose, o usuário tem que consumir cada vez mais cocaína. Além disso, no estado natural (sem estímulo) a quantidade de dopamina na fenda é baixa, vamos dizer que seria o suficiente para uma pessoa desempenhar suas atividades sem ter prazer. Nos usuários crônicos, como os receptores "acostumaram" com uma dose alta, quando a pessoa está em atividade normal (sem estímulo) aquela quantidade baixa é insuficiente e é necessário consumir cocaína até mesmo para atividades quotidianas (como no caso do alcoólico, que tem de beber para parar de tremer).
Geralmente, a abstinência prolongada da droga é suficiente para restaurar o sistema dopaminérgico. Entretanto como esse sistema de dessensibilização dos receptores é mediado geneticamente (mRNA), mesmo passados 20 anos de abstinência, se o indivíduo usar a cocaína novamente, o que levou meses ou até anos para se instalar (a dessensibilização drástica) retorna em poucas semanas ou até dias.
Marcadores: cocaina e crack, dependencia quimica, toxicodependencia
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