Concepção psicodinâmica das neuroses
- Papel fundamental da infância (transformações do Complexo de Édipo)
- papel do recalcamento dos desejos edipianos que permanecem ativos e tendem a reaparecer (como por exemplo, sob o efeito da sexualidade adolescente ou adulta)
- retorno do recalcamento ameaçando o Eu
- aparecimento da doença como efeito da tentativa de resolução do conflito entre o retorno do recaldado e o Eu, entre o desejo e o interdito
- utilização de Mecanismos de Defesa (secundários) contra os efeitos negativos da tentativa de resolução do conflito
- O sentido inconsciente dos sintomas, a que o doente não acede
A triangulação
A neurose é consequência de fenômenos precoces que se referem ao período edipiano. A não resolução de conflitos edipianos constitui a "neurose infantil", organização inconsciente que "decide" o destino posterior da vida afetiva e da patologia. Aquilo que se designa por "neurose infantil" corresponde à estrutura, à organização psíquica na qual se vai constituir a neurose do adulto.
O conceito de "fixações pré-edipianas" diz respeito à adesão da pulsão a objetos ou a tipos de satisfação associados a fases do desenvolvimento.
Fenômenos organizadores: sorriso, angústia da separação, a palavra Não
O recalcamento
Os desejos edipianos (infância) são recalcados (remetidos ao inconsciente) como sendo inaceitáveis ao Eu.
A "ameaça de castração" surge como o motor deste conflito: a criança teme um ataque ao próprio corpo, em virtude dos seus desejos amorosos ou agressivos, temor que se inicia pelo congronto com a diferença entre os sexos.
O recalcamento não regula o conflito e a libido permanece fixada (fixação) na fase de desenvolvimento infantil (Édipo), em determinados modos de satisfação e a certos objetoc pré-edipianos
Segundo a perspectiva psicodinâmica a diferença entre o sujeito normal, o futuro adulto neurótico e a "criança neurótica" prende-se ao aspecto quantitativo dos efeitos do conflito e do recalcamento.
O retorno do conteúdo recalcado e o desencadeamento da neurose
Entre o período edipiano e a adolescência a sexualidade está bem mesnos presente e dominam a sublimação e as identificações aos adultos. Esse período é chamado de Fase de Latência. Há um equilíbrio entre os desejos inconscientes e as concepções do Eu.
Circunstâncias pulsionais ou exteriores, que têm capacidade de reativar os desejos podem desencadear os sintomas neuróticos. Assim, na adolescência as representações inconscientes podem tornar-se mais prementes, sendo os conflitos reativados: o recalcado tente a retornar, mas tende a desaparecer e deformar-se, não perturbando o funcionamento do Eu.
O reaparecimento dessas representações suscita angústia e conflito e as mesmas são objeto de um novo mecanismo de defesa: recalcamento, conversão, deslocamento ou transformação dos afetos em angústia. Isso acarreta , potencialmente, a neurose propriamente dita.
O sintoma
O sintoma responde aos mecanismos de deslocamento e condensação própria dos fenômenos inconscientes ( aparece o sintoma no lugar do desejo). O próprio sintoma pode ser objeto de novo mecanismo de defesa (mec. de defesa secundário), que visa proteger o indivíduo contra os efeitos desse sintoma. Um exemplo é a fobia neurótica, na qual ocorre deslocamento da angústia e evitamento do objeto.
Admite-se que o sintoma acarrete benefícios para o indivíduo (primeiramente, realiza o que estava recalcado e em segundo lugar, leva a atenção e a evitamento de conflitos). O conflito neurótico é fundamentalmente de natureza pulsional (desejo). Não existe neurose na ausência de uma organização edipiana.
Tipos de Neuroses
"Neuroses atuais" - neurose de angústia, neurastenia, hipocondria
A origem ocorreu não na infância, mas na vida atual. Os sintomas não são símbolos sobredeterminados (ou seja, não têm sentido oculto). A origem é fundamentalmente sexual, embora se trate de instaisfação da pulsão sexual. A dimensão somática dos sintomas é preponderante (astenia, cenestopatia, ansiedade, etc.). Tudo isso leva a que o tratamento psicoterápico não tenha efeito tão positivo sobre estas neuroses.
As "neuroses atuais" correspondem ao que se chama hoje de transtornos depressivos (exceto a depressão endógena), manifestações ansiosas e ao transtorno de estresse pós-traumático.
Psiconeuroses de transferência - Fóbica, TOC, histeria
geralmente têm origem na infância, através de uma perturbação que se origina em conflitos precoces e recalcamento (mec defesa preponderante). O sintoma tem um sentido e a relação de objeto é genital (enquanto na estrutura psicótica é fusional e nos estados-limite é anaclítica).
A angústia de castração predomina (ainda que se trate de uma angústia de fragmentação na estrutura psicótica e de perda de objeto no estado limite, por exemplo, pacientes borderline sofrem de angustia de separação ou perda do objeto). O recalcamento dos desejos (como agressividade e afetividade) é preponderante para a origem destas perturbações. O sintoma tem um sentido, que pode ser (re)construído pela palavra, no espaço da transferência. O trabalho psicoterápico possui um efeito, vindo o desaparecimento do sintoma por "acréscimo" à compreensão ou interpretação dos "fantasmas".
Marcadores: neurose, psicodinâmica e psicanálise, psicopatologia
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