Neuroses - uma introdução
Perspectiva histórica
Em 1769 o médico escocês William Cullen propôs o termo neurose (perturbação de origem nervosa na qual não se verifica febre ou qualquer lesão perceptível), entretanto o termo neurose só passa a ser usado em 1845. Charcot continua a investigação das neuroses, contudo sempre buscava associá-las a uma etiologia orgânica (como se fosse uma doença do sistema nervoso).
Freude, a partir de 1892, e Janet em 1983 (ambos discípulos de Charcot) continuam o estudo das neuroses durante o processo no qual a Psiquiatria se libertou do interesse exclusivo pela alienação e etiologia orgânica.
Perspectiva descritiva
As neuroses são transtornos mentais (qualquer que seja sua expressão) que não comportam nenhuma etiologia orgânica demonstrável. Como entidades, elas não perturbam a relação com a realidade ou o sentimento de identidade do indivíduo. Os sintomas são experimentados pelo doente como fenômenos indesejáveis, em ruptura com a idéia que tem o mesmo de si próprio.
As neuroses constituem-se em uma classe homogênea de perturbações e opõe-se a outras classes (psicoses) a nível
Sinais:
Ansiedade - apresenta-se com manifestações exteriores, visíveis (sudorese, palidez, calafrios, etc.)
A angústia é uma experiência comum, associada à vida e à condição humana. É um fenômeno normal, fator de criação.
Angústia normal e angústia patológica
O melhor critério para diferenciar uma da outra é a tolerância do indivíduo à angústia. A angústia é patológica quando é vivida como um sentimento que ultrapassa as capacidades de controle, se repercute na vida do indivíduo, limita os seus programas de ação, a sua atividade e as suas capacidades de sentir prazer.
Lembre-se que a angústia pode expremir-se de maneira aguda (crises de angústia)
Ansiedade crônica
Estado de tensão interior penoso, apreensão permanente que pode amplificar-se e assumir diferentes formas (ruminações perjorativas do passado, interrogações pessimistas relativas ao futuro)
Formas de angústia patológica
Neurose de angústia
A angústia é livre, flutuante, constitui o essencial da sintomatologia clínica
Neuroses sintomáticas "estruturadas"
A angústia está "ligada": angústia convertida em sintomas somáticos (histeria), emergindo em determinados contextos (fobias) e obessões. O termo "estruturada" indica a presença de mecanimos de defesa mais ou menos elaborados e eficientes, destinados a controlar o extravazamento emocional.
Os sintomas neuróticos constituem a expressão clínica.
Qualificativo "neurótico"
Designa a forma (pouco grave e compreensível) ou a origem psicopatológica (produzida pelo recalcamento) e as manifestações que podem ocorrer numa personalidade normal ou neurótica (não psicótica, não estado-limite).
Estabelece uma distinção explícita entre angústia neurótica e angústia psicótica (tão avassaladora que fragmenta o indivíduo)
Manifestações subjetivas da angústia
Somatizações (queixas somáticas baseadas em sensações corporais pouco ou nada explicáveis para a existência de transtornos somáticos).
Embora mais frequente na neurose, as somatizações não são encontradas em todas as neuroses (por exemplo, quase não se encontam nas fobias e TOC e são muito comuns nas histerias).
Outras patologias podem apresentar fenômenos próximos como por exemplo as psicoses (hipocondria e dismorfofobias na esquizofrenia; delírios paranóides sistematizados como a Síndrome de Cotard) e os estados-limite.
Uma dica fácil para diferenciá-las é que o neurótico sempre duvida da realidade do transtorno enquanto o psicótico acredita nele.
Déficits da motricidade voluntária e ou sensibilidade - conversão
dores psicogênicas ou exacerbadas
Cenestopatias - sensasões corporais desagradáveis, interpretadas como sinais de doença (preocupações hipocondríacas)
Preocupações relativas à imagem corporal (dismorfofobias)
Angústia e transtornos do pensamento
Crenças irracionais
Obsessões, fobias, sintomas histéricos ou hipocondríacos, pensamento mágico (TOC)
Sentimentos de culpabilidade, de erro, de proximidade de uma saída fatal ou de uma infelicidade inevitável, podem estar associados a crenças irracionais (evitamento, rituais, confiança, "fuga para frente" ou acting out)
Pensamentos incontrolados
Obessão como idéia intrusiva, que incomoda e é reconhecida como patológica e a compulsão ou idéia de um ato frequentemente absurdo, que tem de ser cumprido para lutar contra a obsessão.
Ruminações mentais: preocupações e interrogações negativas sobre o futuro, perturbam a vida mental do indivíduo. As ruminações "abrem caminho" para os pensamentos depressivos, para dúvidas permantes.
Perturbações da memória
Amnésias psicogênicas (histeria). Notar a ansiedade como fator importante das perturbações mnésicas
Sentimentos de insegurança e intranquilidade
Mecanismos de defesa nas Neuroses
*os mecanismos em azul são os mais utilizados
Angústia e traços de personalidade
Angústia estado (transitória)
Angústia traço (estável)
Angústia tipo de personalidade (personalidade evitante)
Traços de transtorno ou de personalidade neurótica
Em 1769 o médico escocês William Cullen propôs o termo neurose (perturbação de origem nervosa na qual não se verifica febre ou qualquer lesão perceptível), entretanto o termo neurose só passa a ser usado em 1845. Charcot continua a investigação das neuroses, contudo sempre buscava associá-las a uma etiologia orgânica (como se fosse uma doença do sistema nervoso).
Freude, a partir de 1892, e Janet em 1983 (ambos discípulos de Charcot) continuam o estudo das neuroses durante o processo no qual a Psiquiatria se libertou do interesse exclusivo pela alienação e etiologia orgânica.
Perspectiva descritiva
As neuroses são transtornos mentais (qualquer que seja sua expressão) que não comportam nenhuma etiologia orgânica demonstrável. Como entidades, elas não perturbam a relação com a realidade ou o sentimento de identidade do indivíduo. Os sintomas são experimentados pelo doente como fenômenos indesejáveis, em ruptura com a idéia que tem o mesmo de si próprio.
As neuroses constituem-se em uma classe homogênea de perturbações e opõe-se a outras classes (psicoses) a nível
- descritivo - semiologia, sintomatologia
- explicativo - psicopatológico, biológico, fisiológico, etc...
Sinais:
- afetivos (angústia)
- comportamentais (por exemplo, evitamento)
- pensamento (obsessão)
- comunicação (por exemplo, a procura afetiva)
- personalidade (Aqui temos um componente que remete para a inibição. Há alguma organização da personalidade: É muito inibida, introvertida mas é uma personalidade coesa, ao contrário de uma estrutura de personalidade psicótica)
- está frequentemente angustiado
- as várias esferas vivenciais (afetiva, sexual, profissional, etc.) estão limitadas pela doença
- sente-se incapaz de lutar contra os sintomas
- a sua personalidade (maneira de ser e sentir) está estruturada de um modo que desencadeia acentuadas dificuldades na vida quotidiana
Ansiedade - apresenta-se com manifestações exteriores, visíveis (sudorese, palidez, calafrios, etc.)
A angústia é uma experiência comum, associada à vida e à condição humana. É um fenômeno normal, fator de criação.
Angústia normal e angústia patológica
O melhor critério para diferenciar uma da outra é a tolerância do indivíduo à angústia. A angústia é patológica quando é vivida como um sentimento que ultrapassa as capacidades de controle, se repercute na vida do indivíduo, limita os seus programas de ação, a sua atividade e as suas capacidades de sentir prazer.
Lembre-se que a angústia pode expremir-se de maneira aguda (crises de angústia)
Ansiedade crônica
Estado de tensão interior penoso, apreensão permanente que pode amplificar-se e assumir diferentes formas (ruminações perjorativas do passado, interrogações pessimistas relativas ao futuro)
Formas de angústia patológica
Neurose de angústia
A angústia é livre, flutuante, constitui o essencial da sintomatologia clínica
Neuroses sintomáticas "estruturadas"
A angústia está "ligada": angústia convertida em sintomas somáticos (histeria), emergindo em determinados contextos (fobias) e obessões. O termo "estruturada" indica a presença de mecanimos de defesa mais ou menos elaborados e eficientes, destinados a controlar o extravazamento emocional.
Os sintomas neuróticos constituem a expressão clínica.
Qualificativo "neurótico"
Designa a forma (pouco grave e compreensível) ou a origem psicopatológica (produzida pelo recalcamento) e as manifestações que podem ocorrer numa personalidade normal ou neurótica (não psicótica, não estado-limite).
Estabelece uma distinção explícita entre angústia neurótica e angústia psicótica (tão avassaladora que fragmenta o indivíduo)
Manifestações subjetivas da angústia
- inquietação intensa e sentimentos de ameaça grave
- sentimento de morte iminente, de perder a razão
- sentimento de desrealização, despersonalização
- temor reconhecido como patológico pelo indivíduo
- agitação psicomotora
- embotamento da atividade
- sideração estupurosa (estupor)
- comportamentos de evitamento (fobias)
- comportamentos defensivos (rituais)
- esfera cardiovascular (dor, taquicardia, rubor, palidez)
- esfera respiratória (dispnéia, tosse, hiperventilação)
- esfera digestiva ("aperto na garganta", náusea, aerofagia)
- esfera genitourinária (dores abdominais, inibição sexual)
- esfera neuromuscular ("cabeça vazia")
Somatizações (queixas somáticas baseadas em sensações corporais pouco ou nada explicáveis para a existência de transtornos somáticos).
Embora mais frequente na neurose, as somatizações não são encontradas em todas as neuroses (por exemplo, quase não se encontam nas fobias e TOC e são muito comuns nas histerias).
Outras patologias podem apresentar fenômenos próximos como por exemplo as psicoses (hipocondria e dismorfofobias na esquizofrenia; delírios paranóides sistematizados como a Síndrome de Cotard) e os estados-limite.
Uma dica fácil para diferenciá-las é que o neurótico sempre duvida da realidade do transtorno enquanto o psicótico acredita nele.
Déficits da motricidade voluntária e ou sensibilidade - conversão
dores psicogênicas ou exacerbadas
Cenestopatias - sensasões corporais desagradáveis, interpretadas como sinais de doença (preocupações hipocondríacas)
Preocupações relativas à imagem corporal (dismorfofobias)
Angústia e transtornos do pensamento
Crenças irracionais
Obsessões, fobias, sintomas histéricos ou hipocondríacos, pensamento mágico (TOC)
Sentimentos de culpabilidade, de erro, de proximidade de uma saída fatal ou de uma infelicidade inevitável, podem estar associados a crenças irracionais (evitamento, rituais, confiança, "fuga para frente" ou acting out)
Pensamentos incontrolados
Obessão como idéia intrusiva, que incomoda e é reconhecida como patológica e a compulsão ou idéia de um ato frequentemente absurdo, que tem de ser cumprido para lutar contra a obsessão.
Ruminações mentais: preocupações e interrogações negativas sobre o futuro, perturbam a vida mental do indivíduo. As ruminações "abrem caminho" para os pensamentos depressivos, para dúvidas permantes.
Perturbações da memória
Amnésias psicogênicas (histeria). Notar a ansiedade como fator importante das perturbações mnésicas
Sentimentos de insegurança e intranquilidade
Mecanismos de defesa nas Neuroses
*os mecanismos em azul são os mais utilizados
- identificação
- agressão passiva
- antecipação
- recusa
- anulação
- intelectualização
- recalcamento
- racionalização
- isolamento dos afetos
- idealização
- repressão
- clivagem
Angústia e traços de personalidade
Angústia estado (transitória)
Angústia traço (estável)
Angústia tipo de personalidade (personalidade evitante)
Traços de transtorno ou de personalidade neurótica
- impossibilidade de tomar decisões, de agir (com frequencia reage impulsivamente)
- dependência de outros
- necessidade de ser tranquilizado ou protegido
- receito da avaliação de outros
- incapacidade de lutar contra as suas próprias tendências (reconhecidas como patológicas, incômodas ou disfuncionais)
- angústia da solidão
- baixa auto-estima, falta de auto-confiança
- procura dolorosa de si mesmo
- dramatização ansiosa das situações
- impossibilidade de estabelecer relações espontâneas
- todos os fenômenos são sentidos como egodistônicos
Marcadores: neurose, psicodinâmica e psicanálise, psicopatologia
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