terça-feira, 27 de outubro de 2009

Características do alcoolismo na família



Abaixo, alguns tópicos importantes sobre as características da família e do ambiente familiar alcoólico. Estas noções devem fazer parte do entendimento de profissionais que lidam com pacientes alcoologistas como psicólogos, médicos e terapeutas familiares. Muitas vezes tratar o paciente alcoólico não é suficiente pois a alteração de papeis familiares durante o processo de doença do paciente pode levar a atritos na sua sobriedade com risco de recaídas.


Múltiplos factores podem causar o alcoolismo: genéticos, ambientais, sociais, psicológicos ou culturais, entretanto sabe-se que filhos de alcoólicos são 4 a 6 vezes mais vulneráveis à doença.

O alcoolismo e a sua negação na família afectam significativamente o desenvolvimento e a transmissão de papeis através de mecanismos da aprendizagem social, modelagem e dos processos psicológicos de imitação e de identificação.

O doente: tem baixa auto-estima e baixa tolerância à frustrações

Famílias alcoólicas são caracteristicamente rígidas e não lidam bem com mudanças.

Famílias que reagem melhor à mudança apresentam:
-melhor comunicação entre membros
-clara separação de gerações
-maior tolerância e respeito da individualidade de cada um
-maior flexibilidade de papeis

As famílias alcoólicas são geralmente sistemas rígidos, com dificuldade de lidar com mudanças, nas quais o surgimento de um problema pode desencadear graves crises ou rupturas. Estas crises podem ser exemplificadas por:
-delinquencia
-desemprego prolongado
-nascimento de um filho
-doença prolongada de um membro
-identificação de um membro como alcoólico

O problema do alcoolismo não diz respeito apenas à pessoa que consome o álcool. Os membros da família, as pessoas mais próximas são particularmente atingidas.
Assim, o alcoolismo pode ser definido como uma DOENÇA DO SISTEMA FAMILIAR, uma vez que cada um está envolvido, quer no processo de desenvolvimento do problema, quer na sua resolução.

Alguns alcoólicos conseguem manter o equilíbrio familiar durante muito tempo, o que leva à NEGAÇÃO da doença por parte da família.

3 tipos de reação da família:

  1. Negação familiar e social do álcool como um problema
    • minimização do problema
    • procura justificações para os consumos excessivos do membro alcoólico
    • gestão irracional (irresponsável) da economia familiar
    • redução das responsabilidades
    • Pode ocorrer separação ou divórcio
  2. Vida familiar e social caótica
    • crescente agressividade nas relações conjugais e familiares
    • dificuldades econômicas crescentes
    • sentimentos de auto-piedade, depressão, doenças emocionais reactivas
    • dificuldade no relacionamento sexual - que pode levar a delírios de ciúmes
    • Pode ocorrer separação ou divórcio
  3. Reestruturação familiar
    • o indivíduo alcoólico fica à margem na nova organização familiar
    • estabelecimento de novas regras
    • alteração na hierarquia, coligação e alianças familiares
    • alterações de papeis familiares, assumindo o cônjuge não alcoólico o lugar de "chefe da família".
Papeis observados em famílias alcoólicas

  • o defensor
  • o protetor - desculpa tudo o que o alcoólico faz
  • o revoltado
  • o herói - para tirar a atenção do alcoólico, tira as melhores notas, contra todas as perspectivas
  • o acusador - todas as desgraças familiares são culpa do alcoólico
  • o passivo - isola-se do convívio familiar
A família alcoólica é aquela em que o alcoolismo crônico de um dos membros se torna o fenômeno de toda a vida familiar. Isso leva a características como:
  • ambiente caótico
  • inconsistência, irresponsabilidade
  • papeis indefinidos
  • arbitrariedade
  • alteração dos limites individuais
  • discussões
  • pensamento ilógico

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2 Comentários:

Anonymous Maria do Carmo Soares disse...

Eu acredito que as famílias de alcoolistas (termo correto para denominar quem faz uso e abuso de álcool)apresentam alto nível de intolerância quanto ao consumo da droga, e isto cria um círculo vicioso, porque quanto maior é esta intolerância, maior é a compulsão do doente a consumir mais álcool. É a forma que ele encontra de se defender e de lidar com a sua baixa auto-estima. Gostei do artigo, é muito apropriado e será citado na monografia que estou escrevendo. Obrigada.

24 de março de 2010 às 22:23  
Blogger Vanessa disse...

Obrigada pela participação! Quanto ao termo, alcoolista é um termo utilizado no Brasil e alcoólico é utilizado em Portugal. Como estudei nos dois países e as visitas ao blog se constituem de pessoas de vários países de língua portuguesa, tento utilizar uma linguagem que acolha ambos os lados do atlântico. Este post é mais antigo e optei por apenas um termo. Ultimamente tenho utilizado a barra para separar as versões existentes quando há discrepâncias (como por exemplo tênis/sapatilhas)

25 de março de 2010 às 05:15  

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