Medicina chinesa não é efeito placebo... mas pode ser veneno
Em diversos posts neste blog tenho alertado sobre o que chamo de "efeito placebo": medicamentos homeopáticos, medicina ortomolecular, alguns medicamentos naturais que são amplamente divulgados mas carecem de bases científicas sólidas para justificar seu uso.
Na última semana os jornais ingleses divulgaram o julgamento de um caso polêmico sobre a Medicina Chinesa.
Ying 'Susan' Wu, uma herbalista vendeu pílulas "naturais" de Xie Gan Wan a Patricia Booth que sofria de uma condição dermatológica por mais de 5 anos. Booth tomou regularmente 2 a 3 pílulas por dia durante 5 anos mas adquiriu câncer (cancro em Portugal) de bexiga, sofreu falência renal bilateral e um infarto do miocárdio.
As pequenas pílulas castanhas/marrom, que eram vendidas como "seguras e naturais" continham ácido aristolóquico ou aristoloquina, uma substância que só podia ser vendida com prescrição 5 anos atrás e que foi posteriormente banida da União Européia. Wu admitiu a venda dos medicamentos durante audiências com o juíz, que julgou que infelizmente a venda de medicamentos tradicionais chineses no Reino Unido não apresenta qualquer regulação: "É um infortúnio que não exista qualquer sistema neste país para regular a venda de medicamentos naturais chineses como os da Senhora Ying, que exija que uma pessoa se registre em um órgão profissional adequado ou uma associação de comércio" (...) "Alguém com a Senhora Ying pode abrir uma loja de medicamentos naturais e operar completamente sem supervisão". Profissionais que lidam com a medicina chinesa também criticaram o governo por sua falha em promover regulamentação adequada dos medicamentos vendidos no Reino Unido.
Não há qualquer regulamentação para a venda dos ditos "medicamentos naturais" no Brasil. Lembro-me de andar por mercados municipais e ver vendedores com barraquinhas de ervas (como buxinho, para abortar) a vender seus produtos indiscriminadamente.
Já disse antes e continuo a afirmar: não faça apostas com seu bem mais precioso: sua saúde. Medicamentos ditos naturais contém as mesmas substâncias que os medicamentos ditos "alopáticos" (os da farmácia). Pode ser que estejam mais diluídos, pode ser que estejam misturados a substâncias que fazem mal. Você apostaria a saúde de seu filho nisso? Quantas vezes em Uberlândia vi pacientes que foram ao Centro Espírita e beberam chás (sem nem perguntar o que era que estava na caneca) de ervas separadas por "médiuns" sobre influência de "espíritos". Quantas vezes vi pessoas tomando infusões recomendadas por "curandeiros".
A medicina chinesa e a investigação em medicamentos naturais tem muito o que ensinar e em geral é uma prática séria, mas completamente desregulada. Infelizmente não se tem como garantir a qualidade se não há regras sérias sobre o que se pode ou não fazer e vender. Infelizmente, pessoas inescrupulosas ou ignorantes existem e quem paga as consequências é você.
Fotos: http://chinesemedicalcenter.org/images/A3.jpg
http://osfieisaochefe.files.wordpress.com/2008/05/curandeiro.jpg
Na última semana os jornais ingleses divulgaram o julgamento de um caso polêmico sobre a Medicina Chinesa.
Ying 'Susan' Wu, uma herbalista vendeu pílulas "naturais" de Xie Gan Wan a Patricia Booth que sofria de uma condição dermatológica por mais de 5 anos. Booth tomou regularmente 2 a 3 pílulas por dia durante 5 anos mas adquiriu câncer (cancro em Portugal) de bexiga, sofreu falência renal bilateral e um infarto do miocárdio.
As pequenas pílulas castanhas/marrom, que eram vendidas como "seguras e naturais" continham ácido aristolóquico ou aristoloquina, uma substância que só podia ser vendida com prescrição 5 anos atrás e que foi posteriormente banida da União Européia. Wu admitiu a venda dos medicamentos durante audiências com o juíz, que julgou que infelizmente a venda de medicamentos tradicionais chineses no Reino Unido não apresenta qualquer regulação: "É um infortúnio que não exista qualquer sistema neste país para regular a venda de medicamentos naturais chineses como os da Senhora Ying, que exija que uma pessoa se registre em um órgão profissional adequado ou uma associação de comércio" (...) "Alguém com a Senhora Ying pode abrir uma loja de medicamentos naturais e operar completamente sem supervisão". Profissionais que lidam com a medicina chinesa também criticaram o governo por sua falha em promover regulamentação adequada dos medicamentos vendidos no Reino Unido.
Não há qualquer regulamentação para a venda dos ditos "medicamentos naturais" no Brasil. Lembro-me de andar por mercados municipais e ver vendedores com barraquinhas de ervas (como buxinho, para abortar) a vender seus produtos indiscriminadamente.
Já disse antes e continuo a afirmar: não faça apostas com seu bem mais precioso: sua saúde. Medicamentos ditos naturais contém as mesmas substâncias que os medicamentos ditos "alopáticos" (os da farmácia). Pode ser que estejam mais diluídos, pode ser que estejam misturados a substâncias que fazem mal. Você apostaria a saúde de seu filho nisso? Quantas vezes em Uberlândia vi pacientes que foram ao Centro Espírita e beberam chás (sem nem perguntar o que era que estava na caneca) de ervas separadas por "médiuns" sobre influência de "espíritos". Quantas vezes vi pessoas tomando infusões recomendadas por "curandeiros".
A medicina chinesa e a investigação em medicamentos naturais tem muito o que ensinar e em geral é uma prática séria, mas completamente desregulada. Infelizmente não se tem como garantir a qualidade se não há regras sérias sobre o que se pode ou não fazer e vender. Infelizmente, pessoas inescrupulosas ou ignorantes existem e quem paga as consequências é você.
Fotos: http://chinesemedicalcenter.org/images/A3.jpg
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Marcadores: outros, psicofarmacologia
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