segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Meus períodos menstruais quase acabaram com meu casamento: uma mulher revela como a TPM a deixou tão irritável que seu casamento ficou em frangalhos

My periods nearly killed my marriage: A woman reveals how PMS made her so volatile it put a strain on her relationship



By Keris Stainton
Publicado no jornal Daily Mail e traduzido por mim. 

Last updated at 7:50 AM on 23rd November 2009

Esparramada no chão da sala de visitas, exausta e com olhos vermelhos após discutir por horas com meu marido David, tanto ele quanto eu tivemos o suficiente. Era o mesmo cansativo argumento, o que vínhamos tendo diversas vezes por anos, mas desta vez algo havia mudado.

Desta vez David mencionou divórcio. A briga começou inocentemente - como sempre começava - quando notei que ele havia gasto mais de £150 no supermercado, em ítens que mal poderíamos pagar. Eu gritei, acusando-o de ser irresponsável e incapaz - ou somente indesejoso - de se comunicar comigo. Ele rebateu dizendo que eu estava "histérica" e exagerando como sempre. Nossas brigas sempre começavam com algo pequeno - mais comumente problemas financeiros - mas algumas vezes eram porque eu sentia que David não fazia qualquer esforço com minha família ou havia sido rude com um dos meus amigos. Tudo isso continuaria em crescendo em uma série de queixas que, se tomadas individualmente, não eram nada em especial, mas coletivamente sugeriam que eu tinha cometido um terrível engano e nunca deveria ter-me casado com ele.

As brigas tornaram-se mais frequente após o nascimento de nosso primeiro bebê. Quando Harry estava com dois anos, David e eu nos preocupamos o suficiente para marcar uma consulta com Relate.

Parecía-nos um passo na direção certa e uma última tentativa, mas achamos a sessão humilhante. Eu falei sobre minha vontade de que David crescesse e assumisse maior responsabilidade por suas ações e problemas familiares, como pagar as contas e a manutenção da casa. Eu me contorci enquanto ele dizia que ele frequentemente agia "de forma passiva agressiva ou coisa do gênero" e que tentaria mudar. Foi como se ele estivesse apenas a listar frequentes acusações que joguei a ele sem realmente as entender.

Quando David entendeu que não era eu mas a TPM que me deixava daquele jeito, ele passou a tomar meus ataques de forma menos pessoal. Ele pareceu confuso sobre porque nós estavamos em terapia. Eu me sentia entre frustrada porque ele não conseguia ver que tínhamos um problema e culpada porque talvez ele verdadeiramente não visse. E mesmo assim as brigas continuavam, seguindo o mesmo repetitivo enredo. Ou pelo menos elas continuaram até aquela noite quando, em lágrimas no chão, David sugeriu que talvez era melhor que nos separássemos. Eu me surpreendi ao ver-me tão devastada com a ideia do fim do casamento. Não era aquilo que eu queria? Não tinha eu pensado que o divórcio era inevitável?


Não, apesar do fato de que era eu que sempre iniciava as brigas, descobri que mal conseguia tolerar pensar em separação. Na maior parte do tempo nós estavamos OK, eu dizia a mim mesma - eu teria apenas que aprender a não deixar pequenas coisas nos incomodar tanto. Não ser tão controladora.


Dias depois, ao contar a uma amiga quão ruim as coisas entre nós estavam, eu fiz uma referência ao David e ao meu período menstrual quando uma luz se acendeu. Quando olhei para nosso relacionamento, notei que as brigas aconteciam praticamente todos os meses. No mesmo período. E foi então que finalmente entendi que o problema não era resultado de um acúmulo de pequenas irritações que finalmente se tornavam grandes demais para segurar, mas que era todo hormonal. Nossas brigas sempre - sim, sempre - aconteciam na semana anterior á minha menstruação.Fique maravilhada quando fiz a conexão mas, ao pensar sobre o assunto, nós dois deveríamos ter visto já que só brigávamos - não discussões, mas brigas mesmo - uma vez por mês.


Eu havia notado um padrão similar no relacionamento com nosso filho: uma ou duas vezes notei que estava com pouca paciência para com ele, a pensar que não conseguiria tolerar tudo - isso aconteceu uma vez por mês também. De repente eu havia somado dois e dois. Minha amiga Laura concordou, dizendo que ela e seu marido discutiam frequente e ferozmente por mais ou menos seis meses antes de notarem que aquilo acontecia a cada quatro semanas, regular como um relógio.
"Na manhã depois da briga, surpresa!, lá estava minha menstruação", ela disse.


Há muito tempo que sei da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual ou TPM - a ideia de uma mulher brava com seu marido, desejando chocolate e comprando incontrolavelmente uma vez por mês se tornou piada fácil há tempos - mas o que eu não sabia era que todas as mulheres experimentam a síndrome de alguma forma nas duas semanas antes da menstruação.


Para uma em 20 mulheres a TPM é severa o suficiente para causar disfunção das suas atividades normais e da qualidade de vida, frequentemente causando tensão com seus familiares e amigos. Para os que estão de fora, como maridos ou parceiros, a TPM pode ser difícil de distinguir de ansiedade e depressão, enquanto a mulher se sente abandonada.

Mais de 150 sintomas foram atribuídos à TPM, desde alterações do humor, perda da confiança, sensação de estar emocional, irritável, agressiva ou com raiva - não é surpresa que relacionamentos fiquem desgastados. O que torna tudo mais difícil é que, para a maioria das mulheres, a TPM é um segredo que vivemos, mas nunca conversamos sobre ela.


As mudanças físicas - que incluem dores de cabeça e enxaqueca, inchaço abdominal, seios doloridos e até mesmo asma - são mais fáceis de se identificar pois podem ser debilitantes. Surpreendentemente, apesar de mais de 80 por cento das mulheres em idade fértil sofrerem de algum dos sintomas da TPM, pouco é conhecido sobre sua causa ou o tratamento mais eficaz.

A maioria sofre em silêncio todos os meses e muitas - como eu mesma - podem nunca ter notado que têm a síndrome. Não entender o que está acontecendo pode levar a aumentados níveis de ansiedade e deixar familiares confusos e irritados pelo comportamento incaracterístico da parceira.

Incrivelmente, suprimir a condição ainda é o único meio de lidar com a TPM. Prevenção e eliminação são praticamente impossíveis. "As causas exatas da TPM são desconhecidas" diz Michael Dooley, ginecologista da The Poundbury Clinic, em Londres. "Mas parece ser uma relação anormal entre os hormônios do ciclo menstrual e o corpo". Nove em dez mulheres apresentam sintomas de TPM e 5 a 10 por cento são seriamente afetadas, de acordo como o National Association for Pre-Menstrual Syndrome. "A TPM pode ocorrer em diferentes estágios da vida da mulher, é extremamente disfuncional e geralmente não é diagnosticada".

Eu nunca tinha notado os sintomas antes de ter tido meu filho e assumi que havia começado após o nascimento, mas Dr. Dooley acredita não ser este o caso. "Sim, a sensibilidade aos hormônios pode mudar, mas certamente não é a norma" ele afirma. "É muito mais provável que a mulher tenha estado em uso da pílula anticoncepcional, que mascara os sintomas e então elas apenas passam a ficar cientes desses quando param de tomar o contraceptivo na esperança de engravidar".

"Geralmente as mulheres podem passar muito tempo sem notar os efeitos hormonais. O primeiro passo é reconhecer que os hormônios são a causa e se notar que os sintomas não são possíveis de manejo, deve procurar ajuda". Isso inclui certas drogas como antidepressivos ou a pílula - que impede a ovulação, que se acredita ser o gatilho da TPM a cada mês. Reduzir cafeína, comer de forma saudável e aumentar a atividade física também parecer fazer a diferença. Estudos mostram que medicamentos naturais como a Erva de São João (Hipéricum), comumente utilizada para tratar a depressão, Trifoleum pratense, óleo de Oenothera e mesmo exposição à luz intensa podem ter resultados positivos no tratamento de disfunções hormonais.

De início, saber que a TPM estava por trás da raiva e da desesperança que sentia todo mês não impediu as brigas. Eu ainda ficava chateada com David pelo que parecia no momento um argumento por razões perfeitamente legítimas. Eu nunca estava ciente de que na causa da briga estava a TPM. Apenas depois da briga lembrava que não era o comportamento dele, mas minha reação a este a causa. Quando contei a David minhas suspeitas, ele foi capaz de reduzir seus ataques pessoais a mim, já que ele sabia que não era eu verdadeiramente (embora ele tenha sido sensível o suficiente para nunca dizer isso em voz alta). E finalmente, a uns meses atrás, logo após ele pagar o imposto sobre veículos sem notar antes se tínhamos dinheiro suficiente para isso, eu senti a fúria usual vir sobre mim, mas ele estava no trabalho. Então meu sentei no computador e escrevi um email. Escrevi tudo o que sempre submergia em nossas brigas, chorando enquanto digitava e sentindo, como sempre, que as coisas não poderiam continuar como estavam. O mais engraçado foi que, quando terminei de escrever o email, eu me senti bem. Não estava com raiva, não queria o divórcio e realmente não queria enviar a mensagem, salvando-a no lugar de enviá-la. Eu a li algumas vezes desde então e fico admirada de ver quão dramática e extremista ela parece, mas sei que, enquanto estive sentada a escrevê-la furiosa e chorando, que acreditei em cada palavra.

O mais estranho disso tudo é que não estava a imaginar ou criar problemas apenas para provocar uma briga com o David. Os problemas são reais, mas por três quartos do mês eles não me incomodam. Não, o David realmente não assume qualquer responsabilidade pelas contas da casa e nunca se lembra de ver quanto dinheiro temos no banco antes de gastar. Mas ele cozinha e faz a maior parte do serviço de casa, o que devo admitir, parece-me um trato justo.

O principal é que nos amamos e temos dois lindos filhos, que nos trazem imensas alegrias. Acho difícil imaginar que David e eu tenhamos considerado o divórcio, mas, ao mesmo tempo, não parece muito complicado entender porque sei quão desesperançada me sinto. Estou feliz de que os problemas tenham se resolvido antes que fosse tarde.


Para ler o artigo em inglês: http://www.dailymail.co.uk/femail/article-1230096/My-periods-nearly-killed-marriage-A-woman-reveals-PMS-volatile-strain-relationship.html#ixzz0XgAiLOPi

Para entender melhor o que é o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, clique aqui

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